Luciano Alves Pereira

Nada mais engessado do que o início da utilização dos radares da Fernão Dias (BR-381) para a finalidade para a qual foram instalados: multar os apressadinhos que não têm amor à própria vida nem à dos outros.
A duplicação da rodovia completa 10 anos em outubro, os radares foram instalados no início de 2011 mas somente em junho deste ano começaram as multas.
A grande demora se deveu à burocracia que envolve a terceirização. A mesma burocracia que impede o uso das balanças rodoviárias, conforme visto em reportagem recente do Jornal Nacional da TV Globo.
Na aplicação de multas nas infrações flagradas pelos radares, a Polícia Rodoviária, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a Autopista, concessionária da rodovia, tiveram que se acertar. Esta última explicou que foi contratada uma empresa só para analisar e selecionar as imagens de infrações capturadas pelos radares, que serão validadas pela Polícia Rodoviária e voltarão à concessionária para o envio dos avisos de multas pelo correio.
A demora na assinatura do convênio permitiu que se levantasse “a perda de receita para os cofres públicos”, porque os radares estiveram fotografando esse tempo todo. De fevereiro de 2014 a abril deste ano, mais de dois milhões de veículos passaram no trecho monitorado em excesso de velocidade. A R$ 85 por multa (o valor mais baixo), a receita chegaria a R$ 170 milhões.
As tragédias por excesso de velocidade na Fernão Dias são frequentes. Em dezembro do ano passado, tombou um caminhão bitruque VW 24.280, na descida da serra de Igarapé (MG). O motorista não resistiu aos ferimentos e, como houve vazamento, a rodovia ficou interditada o dia inteiro nos dois sentidos, para desespero dos motoristas que passavam pelo local.
Os 19 radares estão distribuídos pelos 562 quilômetros entre Contagem (MG) e São Paulo, metade para cada pista. Um número, aparentemente, bem menor que a necessidade, para quem conhece a velha, boa e sempre perigosa Fernão Dias.

Radar na boca de saída do viaduto dos Queias (km 525), uma curva à espera de quem despenca na serra de Igarapé