Fonte: Folha de Londrina
O aumento de 5% no óleo diesel anunciado pelo governo na terça-feira à noite já havia chegado às bombas ontem. Trata-se do segundo reajuste em menos de 45 dias – o último, de 5,4%, foi aplicado dia 30 de janeiro. Tendo uma participação de 45% entre todos os combustíveis consumidos no Brasil, é fácil imaginar que o aumento do diesel logo estará nas prateleiras dos supermercados.
A NTC&Logística, entidade que representa as maiores transportadoras do País, divulgou ontem um impacto sobre o frete entre 0,51% e 1,63%, dependendo da distância percorrida. Mas, em pico de safra, o custo para o agronegócio deverá ser bem maior. Segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o frete de grãos da região de Cascavel a Paranaguá já estava 28% mais caro no início desta semana na comparação com o mesmo período do ano passado.
“E vai subir mais”, anuncia o superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte do Paraná (Setcepar), Luiz Carlos Podzwato. Ele lembra que não é só o combustível que vem pressionando o frete. A lei 12.619, implementada no ano passado, obriga os caminhoneiros a descansarem 11 horas entre um dia e outro de trabalho. “Com isso houve uma redução da produtividade dos veículos. Faltando caminhão, sobe o frete. É a lei do mercado”, declara.
Ele critica a forma como o governo vem fazendo os reajustes a conta gotas. “Se eu negociei com o embarcador no mês passado o repasse do primeiro reajuste, não posso sentar novamente com ele para negociar outro. Fica difícil e os transportadoras acabam assumindo esses custos”, afirma.
De acordo com Podzwato, antes do novo aumento, o Setcepar estava orientando os associados a reajustar os fretes em 14,58%, devido ao aumento dos insumos do ano passado. “Agora tem mais esse reajuste”, destaca.
Segundo o Sindicombustíveis, entidade que representa os postos de combustíveis, ainda será necessário um aumento de cerca de 5% para que os preços no Brasil sejam elevados aos patamares internacionais, conforme pretende o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “O governo não tem outra saída, tem de conceder os reajuste porque a Petrobras vem sofrendo prejuízos muito grandes”, afirma o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese.
No ano passado, a área de abastecimento da petrolífera registrou um prejuízo R$ 22,9 bilhões porque importa 25% do combustível utilizado no País e subsidiou os preços aos consumidores. “Comprou gasolina a US$ 126 o barril e vendeu aqui a US$ 98”, conta Fregonese.
Ele diz, no entanto, que a situação tende a melhorar bastante nos próximos meses. “Em maio, a Petrobras passa a colocar mais anidro na gasolina. E também começa uma supersafra de cana de açúcar”, justifica. A estimativa é que o preço do etanol volte a ficar competitivo. Atualmente, segundo o presidente do sindicato, este combustível representa apenas 12% do consumo nacional, sendo que já chegou a 50%.
“A tendência é que neste ano tenhamos um etanol barato que vai fazer os consumidores migrarem da gasolina para o álcool. Isso vai retirar a pressão sobre a Petrobras que não vai precisar mais importar tanto e nem subsidiar o consumo”, acredita. Segundo ele, o governo “vê esta luz no fim do túnel”.