GUTO ROCHA
O grupo Randon S.A – Implementos e Participações, com sede em Caxias do Sul (RS) apresentou, no ano passado, uma queda de 16,2% em sua receita bruta em comparação com os resultados de 2011. Em 2012, a companhia registrou uma receita de R$ 5,3 bilhões contra os R$ 6,4 bilhões obtidos no período anterior. “Foi o pior ano em resultados nos últimos 10 anos. Mas no longo prazo, continuamos em uma trajetória de crescimento”, afirmou o vice-presidente do grupo gaúcho, Alexandre Randon, que acrescentou que a empresa já sinaliza uma recuperação nestes dois primeiros meses de 2013. “Este ano já estamos com um bom começo, com grandes volumes de produção”, afirmou.
Na análise do diretor corporativo de Relações com Investidores e Institucionais, Astor Schmitt, 2012 foi um ano “desafiador”, com uma série de dificuldades, mas também com alguns pontos positivos. O executivo apontou com um dos principais fatores para a queda na receita bruta do grupo, o fraco desempenho econômico do Brasil no ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma de toda a riqueza gerada pelo País) registrou um crescimento abaixo de 1%. “O Brasil cresceu menos que o esperado, o consumo ficou mais travado e os investimentos também”, comentou.
Outro fator apontado por Schmitt para o resultado negativo do grupo no ano passado, foram as mudanças da motorização para a tecnologia EURO V (Proconve 7), que acabaram frustrando os negócios dos fabricantes de caminhões, que fizeram grandes estoques de veículos com a versão Euro 3: “Essa mudança foi mais complexa que as indústrias imaginavam. As pré-compras não aconteceram, os estoques ficaram parados. E mais de 60% das vendas da Randon são para as montadoras que foram afetadas”, comentou.
Por outro lado, alguns fatores positivos foram destacados pelo executivo como fundamentais para a manutenção da “saúde financeira” do grupo Randon. Entre eles, Schmitt destacou o PAC Equipamentos, do governo federal, que beneficiou o grupo. O desempenho das empresas do grupo localizadas nos Estados Unidos, China e Argentina também foram outro destaque positivo em 2012. “Estas unidades estão assumindo um papel mais relevante dentro do grupo”, comentou o executivo.
No mercado externo, igualmente, houve reflexo do crescimento econômico mundial menos vigoroso, gerando uma queda superior a 10% nos negócios. As vendas consolidadas para o exterior em 2012 – que representaram 14,3% da receita líquida consolidada contra 11,9% em 2011 – totalizaram US$ 264,2 milhões ou queda de 10,3% sobre o mesmo período de 2011 (US$ 294,4 milhões). Neste período houve uma mudança nos mercados com destaque no crescimento de vendas para os mercados da América do Sul, principalmente, para a Venezuela e Colômbia, e no continente africano, e redução nos mercados tradicionais como Nafta, Mercosul e Chile.
Schmitt observa que, apesar da queda no resultados em 2012, o grupo Randon conseguiu se manter no “azul”. “Não foi como imaginávamos, mas a saúde financeira da empresa não foi abalada”, afirmou. O diretor da empresa observou que o sistema financeiro e o mercado de capitais também dão sinais de que a empresa, apesar das dificuldades conjunturais do ano passado, mantém a credibilidade. “A performance de liquidez de nossos papéis no mercado de capitais segue bem”, disse.
Para 2013, a expectativa do grupo Randon é de que os desafios do ano passado se tornem ativos agora. O presidente das empresas Randon, David Abramo Randon, afirmou que a previsão é retomar o ritmo de crescimento, com incremento superior a 15% em receitas e recuperação das margens. “Este ano as atividades foram retomadas com já com intensidade. Há previsão de safra recorde, mais investimentos públicos e elevação dos investimentos privados vão contribuir para a elevação da demanda por veículos comerciais no ano”, comentou.