Nelson Bortolin
Revista Carga Pesada
Segundo a pesquisa, 58% dos autônomos e 50% dos empregados não chegaram a ingressar no ensino médio. Apesar de 16,5% dos autônomos faturarem acima de R$ 20 mil, a renda média desses profissionais (R$ 4,1 mil) é próxima da dos empregados (R$ 3,3 mil). Mas há uma parcela significativa de autônomos (15%), que têm renda média de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Nesta condição, só há 5,3% dos empregados.
O levantamento mostra que São Paulo detém 21,7% dos registros de caminhões, seguido do Paraná (14,1%). Quatro Estados (SP, PR, Rio Grande do Sul e Minas Gerais) respondem por 62% de toda a frota. A predominância de marcas entre os caminhões de autônomos e das empresas é bem diferente. No primeiro caso, 42,5% possuem Mercedes-Benz. A marca alemã também lidera entre os caminhões dirigidos pelos empregados, mas com apena 25%.
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A Scania é a segunda marca da frota, respondendo por 18,3% dos caminhões dos autônomos e 23,4% dos dirigidos pelos empregados. Os respectivos números da Volkswagen/MAN são 15,4% e 15,8%. E os da Volvo são 21,7% e 13,4%. As quatro marcas detêm 86% da frota nacional, segundo a pesquisa da CNT.
A idade média da frota também é bem diferente entre as duas categorias. No caso dos empregados, 27,5% dirigiam caminhões com 20 anos ou mais. Na outra ponta, 24% deles estavam com caminhões com até 5 anos. A frota é bem mais velha nas mãos dos autônomos: 36,5% dos veículos têm 20 anos ou mais e só 15,8% estão com até 5 anos. A média geral é de 13,9 anos, sendo 16,9 anos dos autônomos e 7,5 anos das empresas.
Questionados sobre a forma como adquiriram seus caminhões, 35,4% dos autônomos disseram que não utilizaram financiamentos. Dos que financiaram, só 27% já quitaram.
Se as linhas do BNDES são generosas com as empresas, a pesquisa mostra que poucos autônomos conseguiram se beneficiar delas: 7,3%. A maior parte – 62,4% – fez uso de linhas de bancos privados, 8,6% de leasing e 4,4% de consórcio.
Praticamente um terço da frota (32,2%) está a serviço do transporte de granéis sólidos. Depois, vêm as cargas fracionadas, com 27,7% dos caminhões de autônomos e empregados.
Os caminhoneiros, de forma geral, acreditam que a sociedade têm uma visão muito negativa deles: 44,7% disseram que são vistos como irresponsáveis; 29,8% como imprudentes; e 26,5% como usuários de drogas. Poucos acreditam ter uma imagem positiva perante a sociedade: 12,6% acham que são vistos como importantes para a economia do País e 7,5% como pessoas solidárias na estrada.
O levantamento ainda mostra que 47% dos autônomos estão satisfeitos com a Lei do Caminhoneiro (Lei 13.103), mas só 23,3% cumprem o tempo de descanso (11 horas) determinados por ela. Já 67,1% dos empregados se disseram satisfeitos com a lei, mas só 42% cumprem o tempo de descanso.
Ainda há muita gente trabalhando 13 horas ou mais por dia (25% dos autônomos e 24% dos empregados), sendo que 30% de ambas as categorias trabalham todos os dias das semana; 65,7% dos autônomos e 26,1% dos empregados não costumam tirar férias.
Dos empregados, 73% estão no mesmo emprego há 5 anos. E também 73% estão satisfeitos com as empresas nas quais trabalham. A esmagadora maioria dos autônomos (82,7) nunca recebeu por hora parada na carga ou na descarga.
De todos os entrevistados, 46% já receberam pedido de propina por parte da Polícia, sendo que só 11% não pagaram.