Nelson Bortolin

Revista Carga Pesada

 

Se for atendido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), um pedido do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Paraná (Setcepar) vai provocar mudanças importantes no mercado brasileiro de implementos rodoviários. Em conjunto com a TRS Engenharia, de Curitiba, a entidade propõe alterações na resolução 210, de modo a permitir que vanderleias (carretas com três eixos espaçados) e cangurus (carretas com dois eixos juntos e um espaçado) possam ser tracionadas por cavalo 8×2 ou 8×4.

A carreta vanderleia, com seus três eixos isolados

Assim, essas combinações de veículos de carga (CVCs) passariam a ter um Peso Bruto Total Combinado (PBTC) de 59 toneladas, duas a mais que os bitrens de sete eixos e 19,80 metros de comprimento. Hoje, vanderleias e cangurus só podem ser engatados em cavalo 6×2 ou 6×4 e têm PBTC máximo de 53 toneladas. “(Se o pedido for aprovado) Vai dar uma quebrada no bitrem”, afirma o presidente do Setcepar, Gilberto Cantú. “Com uma única carreta você terá um custo bem menor”, complementa.

A Canguru: dois eixos em tandem e um isolado

O engenheiro mecânico Rubem Melo, da TRS Engenharia, foi o responsável pelo estudo técnico da proposta. “Hoje, os cavalos 8×2 e 8×4 só podem tracionar carretas comuns de três eixos. Queremos que possam tracionar também as que têm eixo espaçados”, afirma.

Na opinião do engenheiro, as configurações propostas não são prejudiciais ao pavimento e nem às obras de arte (pontes e viadutos). “Os pesos por metro linear não foram aumentados, portanto, não aumentam a concentração de carga nas pontes. E os pesos por eixo também não foram aumentados e então não aumentam o dano ao asfalto”, explica.

Segundo ele, não há prazo definido para que o Contran se pronuncie a respeito. A reportagem encaminhou um questionamento ao órgão a respeito da tramitação da proposta. Segundo a assessoria o “processo nº 80000 10529/2016-81,que trata da referida solicitação, foi encaminhado a Câmara Temática de Assuntos Veiculares e encontra-se em análise”.

O cavalo 8×2

O Setcepar e o engenheiro também propuseram ao Contran que o comprimento mínimo das CVCs com PBTC acima de 57 toneladas (bitrenzões e rodotrens) baixe de 25 metros para 22 metros.