Nelson Bortolin

 

Sob governo do PT, o Rio Grande do Sul mudou radicalmente sua política para as rodovias. Com o fim dos contratos de concessão no ano passado, retomou 95% das praças, criou a estatal Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e reduziu as tarifas em 25%. Nem todo mundo concorda com a mudança, mas o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado (Setcergs) está satisfeito. “Particularmente, eu não faria a opção pela estatização, mas o modelo está funcionando e a gente vê os investimento serem realizados”, afirma o presidente da entidade, Sérgio Gonçalves Neto. A EGR dispõe de um conselho, no qual entidades empresariais têm assento, inclusive o sindicato. “O colegiado define prioridades de investimentos a serem feitos com os recursos recolhidos nas praças”, afirma.

Para o dirigente sindica, o Rio Grande do Sul não viu grandes investimentos nas rodovias durante as concessões que duraram 15 anos. “Agora nós estamos vendo mais obras que víamos antes”, declara. De acordo com ele, 80% da arrecadação da EGR é usada em manutenção e duplicação das vias. “Pelo menos por enquanto, o governo estadual está cumprindo aquilo que prometeu. E nós estamos participamos ativamente do processo decisório da empresa”, ressalta.

De acordo com Gonçalves Neto, o compromisso das antigas concessionárias era investir 8% da arrecadação em manutenção de estradas e não havia previsão de duplicação de pista. “Levavam 40% dos valores arrecadados como dividendos e mais 20% gastavam em custeio”, afirma. O presidente do sindicato reclama que, após o fim dos contratos, o asfalto não durou três meses. E, pelo contrato, deveria durar dois anos. Em média, os gaúchos pagam hoje R$ 4,80 de tarifa (por 100 Km).

O modelo gaúcho, no entanto, não deve encontra apoio no Paraná, Estado onde o processo de concessão de rodovias teve início na mesma época e que, assim como no Rio Grande do Sul, foi bastante questionado na Justiça e pela sociedade. “Para mim, (o modelo do RS) está fadado ao fracasso. Não vejo com bons olhos. O Estado não tem competência para cuidar de estradas”, afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar), Gilberto Cantú.

Na opinião dele, o governo do Paraná deveria deixar os contratos vencerem (em 2022) e fazer nova licitação com tarifas mais baixas. “Os pedágios pagos nas concessões mais recentes da União estão num patamar bem razoável”, declara. Segundo o empresário, com tarifas no nível das concessões federais, o Paraná ganha produtividade. “Hoje é consenso que o valor do pedágio que nós pagamos impacta negativamente na iniciativa privada do Estado, principalmente nos produtos de baixo valor agregado, como os do agronegócio”, afirma.