Nelson Bortolin / Revista Carga Pesada
Num pacote anunciado nesta quinta-feira (5), a diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que pretende desincentivar o uso de veículos a diesel e, por isso, reduzirá a participação da TJLP no financiamento de ônibus e caminhões movidos por este combustível.
Para micro, pequenas e médias empresas, neste ano, os juros subsidiados continuarão a representar 80% do valor financiado. A participação baixa para 70% em 2018 e para 60%, em 2019. A diferença até 100% corresponderá à entrada ou a financiamento com taxas de mercado. Já o prazo de financiamento aumentou de cinco para dez anos.
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As grandes empresas terão ainda menos TJLP na composição do financiamento de veículos a diesel. A participação dos juros subsidiados baixa de 70% para 50% ainda neste ano, vai para 40% no ano que vem e a 30% em 2019.
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), 2016 foi o pior ano para o mercado de caminhões no Brasil. Foram emplacados apenas 50,2 mil veículos, 30% menos que no ano anterior. O número corresponde a menos de um terço dos 172 mil emplacamentos de 2011.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Fenabrave disse nesta quinta-feira que desconhecia as alterações e, por isso, a entidade não poderia comentá-las. Já Fernando Xavier Mourão, da concessionária da Ford Caminhões, Konrad, de Maringá, disse ter sido pego de surpresa ao saber das mudanças pela reportagem. “Eu vendi um caminhão hoje (quinta-feira) para uma grande empresa. No meu sistema, pelo BNDES, são 70% de TJPL. Se esta mudança já estiver valendo, o cliente vai desistir”, lamentou.
Mourão diz que a notícia não poderia ter vindo em pior momento. O mercado, segundo ele, esperava uma recuperação para este ano. “As empresas compraram muito em 2011 e agora está na hora de renovarem a frota. Com essas condições (divulgadas pelo BNDES), não tem chance do mercado reagir”, atesta.
Sobre a ampliação do prazo de financiamento para 10 anos, ele diz que a medida é “inócua” para o mercado de caminhões. “Nenhum banco faz um contrato nesse prazo. Eles não aceitam mais que cinco anos. Aliás, o próprio BNDES considera que a vida útil de um caminhão é de 12 anos”, avalia.