comboio-expedicao

Em 26 caminhonetes Amarok, a expedição com empresários e executivos, que incluiu o vice-presidente de Economia e Finanças da Scania Latin America, Fredrik Wrange, e o diretor superintendente da Noma, Marcelo Noma, viajou entre os dias 27 de setembro e 2 de outubro, de Campo Grande em direção ao Chile, através da Bolívia. Rodando cerca de 500 km por dia, a caravana parou em Corumbá (MS), Santa Cruz de La Sierra, Cochabamba e La Paz (na Bolívia), e Arica e Iquique (Chile).

Na volta ao Brasil, os transportadores fizeram um percurso diferente, passando pelo Paraguai, onde foram recebidos, no dia 5 de outubro, pelo presidente Horácio Cartes, em Assunção.

As primeiras pedras no sapato da expedição foram a burocracia e a demora da autorização para entrar na Bolívia, no dia 28 de outubro. Para adiantar o processo, o grupo se dirigiu à alfândega na véspera com os passaportes. A conferência dos documentos das pessoas e das caminhonetes demorou quatro horas. No dia seguinte, mais uma hora e meia de espera.

O trecho de cerca de 300 km até Santa Cruz de La Sierra ficou ótimo. O único inconveniente são os animais na pista. Já o trecho seguinte, até Cochabamba, é problemático. Além de perigoso, devido ao traçado e ao relevo, o asfalto está péssimo.

De lá até a fronteira com o Chile, há problemas no pavimento, mas, por toda a parte, há homens e máquinas trabalhando. O governo boliviano vem fazendo manutenção e até duplicando trechos. No Chile, o asfalto é ruim na travessia do deserto do Atacama.

Outros desafios esperam o viajante. Um deles é o ar rarefeito da altitude, que chega a 4.600 metros. Na Bolívia, não há óleo diesel S-10. A caravana levou uma reserva em galões, mas não foi suficiente. As caminhonetes equipadas com motores Euro 5 estranharam o velho diesel 1.800. Duas deram problema.

Postos de combustíveis na estrada são raros na Bolívia. E o preço é alto. Para um boliviano, o diesel custa apenas R$ 1,30, mas o estrangeiro paga R$ 3,30 o litro.

De Campo Grande a Iquique, a expedição pagou pedágio somente na Bolívia. Há muitas praças de pedágio, mas, em boa parte delas, os funcionários apenas carimbam o tíquete já pago. Nas 13 praças em que foi preciso colocar a mão no bolso, a soma dos gastos foi de 109 bolivianos (a moeda da Bolívia), o equivalente a R$ 36.

“Hoje eu não teria coragem de colocar meu caminhão nesta rota”, afirmou o maior transportador de grãos de Mato Grosso do Sul, Airton Dall’Agnol, da Transportadora Lontano e diretor do Setlog-MS. “A infraestrutura é ruim, o motorista não tem como descansar e se alimentar. Ninguém ia querer fazer esta viagem”, declarou.

Ele colocou na mesa outro desafio, que é convencer o governo boliviano a viabilizar a rota, desburocratizando e agilizando a entrada de caminhões no país. Em reunião agendada com o governo da Bolívia para o dia 1º de outubro em La Paz, o presidente Evo Morales enviou um deputado para se encontrar com os empresários. O encontro com Javier Santibáñez, presidente do Comitê de Transporte, Turismo e Comércio, não foi nada conclusivo. O deputado ouviu bastante, mas disse apenas: “Nosso presidente tem a missão de unir os dois oceanos (Atlântico e Pacífico). Todas as preocupações de vocês, eu vou levar para o presidente conhecer”.

Ele disse que as negociações precisam ser feitas “em reuniões de alto nível, de presidente a presidente, de ministro a ministro”. E afirmou que a Bolívia precisa de “sócios e não de patrões”, lembrando recentes desentendimentos com o Chile e o Brasil.