Os transportadores e embarcadores que utilizam práticas sustentáveis têm o direito de gerar crédito de carbono. Esta é a reivindicação que o diretor presidente da Transportadora Cargolift, Markenson Marques, faz ao governo federal. Para ele, além da redução de poluentes, uma lei autorização os créditos ao setor de transporte também incentivaria a renovação da frota.
“Um caminhão com 20 anos polui muito mais que um caminhão 0 km que opera na Cargolift. É uma competição injusta na composição dos custos de frete, com a qual não podemos concordar”, afirma o presidente. Para ele, quem polui menos deve ter desconto no valor do IPVA e caminhões velhos deveriam pagar mais.
Segundo ele, uma das principais dificuldades enfrentadas pelas transportadoras para aplicar ações sustentáveis é o combustível. Com o lançamento do diesel S10 e obrigatoriedade da produção de motores Euro 5, em 2012, o mercado viu a promessa de um formato menos poluente, de melhor qualidade e 3% mais econômico. No entanto, segundo ele, a promessa não se concretizou. “O consumo se mostrou muito parecido em km/litro e o custo do S10 é maior, em relação ao S500. A isso, soma-se o fato de que os caminhões com essa motorização são impedidos de utilizar o seu potencial, já que no Brasil ainda é enorme a frota de caminhões antigos, que trafegam na frente dos novos, limitando a velocidade”, aponta Marques.
Eco Cargolift
Com uma consciência ambiental que já vem sendo desenvolvida por meio de aquisição de veículos menos poluentes, a Cargolift, que tem sede em Curitiba, agora lança um inovador programa de sustentabilidade, o Eco Cargolift. Com planejamento e uma série de análises iniciadas em 2008, o Eco Cargolift é uma ação que visa não apenas reduzir o impacto ambiental gerado pela empresa em si, mas envolver também os clientes na tarefa.
“É um programa gerenciado por software ligado ao nosso sistema operacional que, integrado com a tecnologia de rastreabilidade dos mais de 500 caminhões com os quais operamos, é capaz de mensurar quanto nossas operações poluem para cada cliente e/ou contrato que atendemos”, explica o presidente.
A partir da avaliação da capacidade poluente de cada operação, feita com o desenvolvimento de métricas próprias de medição, a empresa pode propor ações para incentivar a redução de gás carbônico. Para reduzir o impacto, uma das ações é a priorização de caminhões mais novos e menos poluentes, principalmente aqueles com motores tecnologia Euro5, ou seja com o diesel S10 e Arla32. “Vale destacar que 10 representa 10 partículas por milhão. O diesel que a maioria dos caminhões utiliza no Brasil é o S500”, detalha o empresário.
Além disso, segundo ele, o Eco Cargolift favorecerá a aplicação de maior peso e metro cúbico por carga consolidada, trabalhando com inteligência em software de roteirização para chegar ao destino com o menor percurso possível nas cargas itinerantes – o chamado Milk-Run. “Por fim, outra ação será a utilização de menor peso de tara nos equipamentos, inclusive com adesão de veículos com suspensão a ar”, completa.
Piloto
Para apresentar o Eco Cargolift, a empresa realizou um projeto piloto para uma montadora de automóveis para a qual a Cargolift transporta os componentes. Em apenas 12 meses, em um trajeto de 1.150 km, foi possível visualizar uma redução nos níveis de emissão de poluentes – o número caiu de 103,1 para 43,7 Kg de CO2 por veículo produzido pela montadora.
Ou seja, apenas para essa operação piloto, o Eco Cargolift obteve redução de 57,6% nos níveis de poluição ambiental. “Acreditamos que a adesão entre os clientes será alta e que, com isso, a Cargolift consiga fazer a diferença e ajudar a reduzir o impacto ambiental dos transportes”, diz Marques.