Nelson Bortolin
De 2002 a 2011, os investimentos feitos pelo Ministério dos Transportes aumentaram de R$ 1,7 bilhão para R$ 16,7 bilhões. A criação da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) vai ajudar a melhorar a infraestrutura no País. O Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), que começou a ser desenvolvido em 2006, tem uma metodologia que se tornou referência internacional.
Esses foram os principais argumentos utilizados pelo diretor de Planejamento de Transportes do Ministério dos Transportes, Francisco Batista da Costa, durante o painel “Perspectivas para o setor no Brasil: desafios e oportunidades para a iniciativa privada”.
Realizado na última sexta-feira (26) na fábrica da Scania em São Bernardo (SP), o evento fez parte do Seminário “Perspectivas de Sustentabilidade para o TRC”, promovido pela montadora e pela NTC&Logística.
Os argumentos, no entanto, não convenceram o outro debatedor do painel, o empresário Roberto Mira, presidente do Grupo Mira, que não escondeu sua indignação diante da situação da infraestrutura rodoviária no País. “O que são 17 bilhões de reais para um PIB de 2 trilhões (de dólares)? Isso não é nada”, disse.
O próprio representante do governo admitiu que o valor investido está bem longe do necessário. Ele lembrou que os demais países do BRIC – Rússia, Índia e China – investem 5% do PIB no setor. E que o Brasil, nos anos 60 e 70, investia 2%. Para chegar a essa mesma proporção hoje seriam necessários R$ 80 bilhões por ano. “Infelizmente, a Constituição de 88 acabou com a vinculação de recursos, com exceção daqueles voltados para saúde e educação”, defendeu-se Costa.
Para Roberto Mira, os políticos deveriam ir conhecer a realidade das estradas do Centro-Oeste. “Quem roda por lá sabe que não tem estrada nenhuma. É uma buraqueira só. Há muitos trechos sem acostamento. O que vocês estão fazendo pelas rodovias da região onde se produz?”, cobrou. Mira também criticou a imprensa. “Vocês só vão para o Centro-Oeste quando os índios fecham uma estrada”, declarou.
O presidente da NTC&Logística, Flávio Benatti, que mediou o debate, elogiou a presidente Dilma Rousseff e o governo pelo “empenho” em promover a melhoria da infraestrutura de transporte. Mas ressaltou que, em 2012, os investimentos no setor estão abaixo de R$ 9 bilhões.
Francisco Batista da Costa admitiu que o governo não conseguiu gastar o dinheiro neste ano em virtude de irregularidades apontadas em contratos pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “O Ministério foi muito judiado”, disse ele em referência a casos de corrupção revelados na pasta. O diretor garantiu, no entanto, que os contratos foram refeitos e que a paralisia nas obras terminou.
Questionado por Benatti sobre o veto de Dilma ao artigo da Lei do Descanso (12.619) que obrigava as concessionárias a construírem pontos de apoio para os caminhoneiros nas rodovias, Costa garantiu que os próximos contratos, que serão celebrados pela EPL, conterão esta exigência.