Na visão de Adamuccio, diretor do Grupo G10, de Maringá (PR), depois de um 2013 de filas quilométricas, as autoridades acharam por bem tomar providências. A principal foi a implantação do sistema de agendamento de desembarque em Santos, a exemplo do que já existe há alguns anos em Paranaguá. Em caso de descumprimento, as tradings ficam sujeitas a multas salgadas. “Como não podem mais deixar o caminhão esperando lá no destino, também não têm pressa de carregá-lo. Assim, deixam de pagar diárias”, diz o empresário, para quem “novamente o transportador paga a conta”.
De acordo com ele, a safra deste ano provou que não faltam caminhões no Brasil e isso pode inclusive desestimular as vendas desses veículos. “Antes, quando não eram fiscalizadas, as tradings ficavam loucas para mandar toda a soja de uma vez. E aí havia a falsa sensação de que não tínhamos caminhões suficientes. Agora, elas têm cotas máximas de embarque diário, de acordo com seus contratos de venda. E muitas vezes sobram caminhões na origem”, declara.
Com menos embarques, os fretes não atingiram os mesmos níveis do ano anterior. “Teremos trabalho por mais meses, de modo que o frete não vai subir tanto nem cair tanto. Antes, um frete de R$ 100 chegava a R$ 140 no pico de safra e baixava a R$ 70 na entressafra. Subia muito e descia muito. Agora vai subir a R$ 120 e baixar a R$ 90”, estima.
Já Dirceu Capeleto, da Bergamaschi, de Rondonópolis, ressalta que o terminal da ALL de Rondonópolis também tem agendamento e o Ministério Público “está em cima” cobrando seu cumprimento. “A Cargil, por exemplo, me disse que estava com uma cota de apenas 35 desembarques por dia”, informa.
Para ele, além da fiscalização, há outros motivos para a ausência de filas nas estradas perto do terminal de Rondonópolis. “Por Araguari, a Vale está levando mais soja (até o Porto de Vitória) que nos outros anos.” Além disso, segundo Capeleto, a Bunge e a Maggi estão indo “a todo o vapor” para Miritituba, no Pará. “Neste ano, vão com um milhão de toneladas e no ano que vem já com cinco milhões”, declara. Em Santarém, onde só a Cargil tem terminal, os embarques também estão crescendo.
O fato de o novo terminal da ALL se localizar em Rondonópolis, que é um importante centro urbano de Mato Grosso, também tem impacto no fim das filas. “Aqui, os sindicatos estão em cima, o Poder Público chega mais rápido que em Alto Araguaia”, explica. Por último, Capeleto diz que o armazém da Noble, ao lado do da ALL, também está prestando serviço de transbordo da soja para as tradings.
Da mesma forma que Adamuccio, Capeleto afirma que o frete dará uma rentabilidade média razoável, mas não tão boa quanto a do ano passado, “porque os custos vêm subindo bastante”.