A indústria se recuperou e o Brasil ainda atraiu novas montadoras

No início deste ano, diante da crise financeira internacional e dos preocupantes números da indústria de caminhões, chegou-se a prever o cancelamento da Fenatran. Um executivo do setor fez ironia: “Do jeito que as coisas vão, se houver Fenatran, teremos um velório no Anhembi”.

Nenhuma dessas previsões se confirmou. A Fenatran – na verdade, 17º Salão Internacional do Transporte – vai reunir 355 expositores de 16 países, de 26 a 30 de outubro, em São Paulo, em clima de verdadeira euforia.

A razão está na retomada da produção voltada para o setor de transporte rodoviário de cargas. Os números mais recentes: em setembro, a produção de caminhões cresceu 23% em relação a agosto, os licenciamentos tiveram uma elevação de 19% e as vendas no atacado de 13,4%.

No ano, a produção ainda está longe de 2008 (menos 34,5%), mas espera-se que 2009 supere 2007, o segundo melhor ano da história.

Ou seja, a crise não se revelou tão terrível quanto parecia no início. Muitos setores da indústria estão utilizando quase 90% da capacidade instalada, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

Na indústria de caminhões, ninguém imaginava, no início do ano, que hoje já poderia estar faltando caminhão. Pois está. “Nossa produção está bem comprometida até o meio de dezembro”, informou Roberto Leoncini, diretor de vendas da Scania.

As atuais regras do Procaminhoneiro, com juros baixíssimos de 4,5% ao ano, e do Finame, de 7%, deram resultado. Na Scania, a maioria dos caminhões vendidos é financiada pelo Finame. Dos 1.352 veículos vendidos no atacado em agosto e setembro, cerca de 400 foram negociados através do Procaminhoneiro.

Informações desse tipo atraem para o Brasil industriais estrangeiros que buscam alternativas à estagnação dos mercados do Primeiro Mundo, como o europeu. Isso ocorreu com a MAN, fabricante alemã de caminhões com 250 anos de história que, em dezembro de 2008, pagou 1,175 bilhão de euros pela filial brasileira da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Será na Fenatran a estreia dos caminhões da marca no mercado brasileiro.

Segundo o presidente mundial da MAN, Hakan Samuelsson, daqui a cinco anos a fatia dos mercados fora da Europa nas vendas da MAN vai dobrar dos atuais 25% para 50%.

A sueca Scania também comemora os resultados no Brasil – país líder na fabricação de caminhões da marca. O total de veículos produzidos em São Bernardo do Campo, em 2009, é maior que a soma do segundo e do terceiro colocados, sendo um deles a Inglaterra.

Com esse cenário, os organizadores da Fenatran esperam receber mais de 40 mil visitantes e compradores de 45 países. Nunca houve, na Fenatran, tantas línguas diferentes faladas nos corredores do Anhembi.
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