Francisco de Assis Souza Carneiro, Imperatriz (MA) 
O que você aprendeu da vida na estrada?


Urtigão:
Foi tanta coisa, Francisco! Mas o principal foi que o meu direito termina onde começa o direito do outro. Aprendi que quem é maior é sempre responsável pelo menor. Você não tem que ficar bravo quando os demais condutores, de veículos pequenos ou grandes, cometem erros, pois é nessas horas que eles mais precisam de compreensão. Aprendi com a vida a ser solidário. Aprendi que a amizade e a humildade são nossos maiores tesouros.

 


Uagner Ferreira Monteiro (foto), Aparecida de Goiânia (GO) 
O que você acha da Lei do Descanso?

Urtigão: Todas as profissões têm suas regulamentações. Sou totalmente a favor da lei do descanso, mas ainda há que se ajustar alguma coisa aqui e ali. Acredito que com o tempo tudo irá se encaixar. O que não podemos fazer é trabalhar por 16, 18 horas seguidas, o corpo não aguenta. Eu mesmo fiz isso por muitos anos, mas não é certo. Rodei milhares de quilômetros, a idade chegou e eu não ganhei o dinheiro que imaginava. Passei por muitas situações de risco que poderiam terminar em tragédia.

 

Isaias Bezerra Neto, Fortaleza (CE) 
Que conselhos você daria ao motorista que anda com excesso de peso, detonando o bruto e as estradas?

Urtigão: Você mesmo acabou respondendo a pergunta: quem anda com excesso de peso só está detonando o bruto e as estradas. E não ganha nada, porque o veículo sofre um desgaste acentuado e você vai gastar mais na manutenção. Sem falar nos prejuízos para as rodovias, as pontes, e nos riscos. Temos que transportar com qualidade, mas sem exagerar na quantidade.

 

Bernardo Reisdorfer Leite, Curitiba (PR)
Quais são as dicas que você dá para o motorista fazer uma direção realmente econômica?

Urtigão:  Temos que tirar o máximo rendimento do veículo. Já pensou, se você conseguir fazer seu veículo rodar 50 metros a mais a cada litro de combustível? Para isso, é preciso:

1º – conhecer a faixa de torque e operar o tempo todo dentro dela; 
2º – aproveitar a inércia quando ela estiver a seu favor e dominá-la quando estiver contra;
3º – o veículo deve estar bem regulado, os pneus calibrados, a carga bem distribuída e acomodada;
4º – fazer o adequado planejamento da viagem – itinerário, paradas, abastecimento;
5º – ter calma com o acelerador, trocar marchas alternadas sempre que for possível (pular marchas), e não exceder a velocidade. Você sabia que, para andar a 90 km/h, um caminhão gasta 12% a mais de combustível do que a 80 km/h? 
Bom, mas fazer média em topografia plana é fácil, quero ver fazer média em subidas… Tenho umas dicas para isso também, e não estou falando de abusar da velocidade na descida para pegar embalo: falo em diminuir o número de trocas de marchas. Dá para ganhar tempo e economizar combustível. Um bom motorista gasta três segundos para cada pedalada na embreagem. Imagine um aclive onde os motoristas costumam fazer nove trocas de marchas, ou seja, dão nove pedaladas na embreagem. Se você subir com seis trocas de marchas, vai ganhar nove segundos de tração que os outros desperdiçaram. Como conseguir isso? É fácil: pulando marchas. Se estou em 6ª e sei que a 5ª não vai dar conta, espero a rotação cair um pouco mais e engato logo uma 4ª. E assim por diante. Alguns motoristas ficam voltando marcha uma por uma, e ainda reduzindo todas. O veículo só irá parar de pedir marcha quando você colocar a “dona da casa”, isto é, a marcha certa que vai fazer o motor operar dentro da faixa de torque e manter a rotação dentro da faixa verde. Daí, é só aliviar o pé e ficar de olho na temperatura. Se for necessário, reduza a marcha, isso irá aumentar 200 rpm. 
Outras dicas são estas: nada de fazer o veículo ganhar velocidade na subida, que consome muito combustível. E assim que chegar perto do topo, tire o pé e deixe o veículo embalar por inércia. Não acelere na descida também, pois isso é como pedalar bicicleta de morro abaixo. É o que gostaria de dizer.