revista-carga-pesada-cargas-motor-zfA ZF anuncia durante o IAA 2016, em Hannover, Alemanha, a nacionalização das modernas transmissões automatizadas TraXon e 9AS EcoTronic. A TraXon que já equipa vários modelos na Europa, está presente também no futurista ZF Innovation Truck 2016, apresentado durante o evento. A 9AS EcoTronic foi desenvolvida sob medida para oferecer alta eficiência aos caminhões médios e semipesados, e irá complementar o portfólio que já contava com a transmissão mecânica de nove velocidades da marca, a Ecomid. Ambas serão produzidas na planta da ZF, em Sorocaba, SP.

“As transmissões serão nacionalizadas por terem um grande potencial de mercado para os próximos anos. Além disso, a ZF tem confiança na recuperação do mercado brasileiro, mesmo que provavelmente de maneira gradual. A motivação para esta nacionalização veio do sucesso irrefutável de participação das transmissões automatizadas no segmento de pesados e extrapesados, aliada à crescente demanda dos clientes para a extensão desta solução a outros segmentos”, comenta Wilson Bricio, Presidente da ZF América do Sul.

“A capacidade instalada de toda cadeia automotiva é bem superior à realidade do mercado nacional. Na ZF a situação não é diferente, e por isso, grande parte dos investimentos foram voltados a alterações nas linhas produtivas existentes, que são altamente adaptáveis ao recebimento de produtos com um conteúdo tecnológico maior, como a TraXon e a 9AS EcoTronic”, complementa Wilson Bricio.

Do investimento de 100 milhões de reais anunciado em 2014 para a instalação da linha de montagem da AS-Tronic e que posteriormente passaria a produzir a TraXon, aproximadamente um terço destina-se agora aos investimentos necessários para localização da TraXon, como a aquisição de banco de testes dedicado, treinamentos, desenvolvimento de protótipos, etc.

A outra transmissão a ser nacionalizada é a automatizada EcoTronic, que consumirá um investimento adicional de até 5 milhões de reais, por utilizar basicamente a mesma linha flexível da sua versão manual de nove marchas.

A tendência de aplicações de transmissões automáticas e automatizadas em caminhões pesados, médios e leves já é bem evidente na Europa. As pesquisas revelam que nos países emergentes esse movimento vem ganhando mais força e conquistará uma fatia expressiva nas vendas nas próximas décadas.

As previsões para 2025 apontam que 70% das vendas no Brasil serão de veículos comerciais equipados com transmissões automáticas ou automatizadas, uma prova de que as empresas de transportes estão cada vez mais adquirindo seus bens pensando no custo total do ciclo de vida do produto, ao invés de somente no investimento de aquisição.

 Um mercado estratégico

“O mercado sul-americano segue sendo extremamente importante e estratégico para a ZF. E a produção no Brasil é um caminho natural, pois o nosso País possui vários acordos bilaterais de comércio que podem favorecer os negócios de nossos clientes, e consequentemente os da ZF”, comenta Silvio Furtado, Diretor de Vendas da ZF América do Sul.

De forma indireta, até programas governamentais como o Inovar-Auto, colaboraram com a necessidade de nacionalização de produtos. O sistema de transmissão é um dos principais produtos de alto valor agregado do driveline dos caminhões e ônibus. Por isso, com a sua nacionalização, obtém-se um ganho substancial de conteúdo local dos veículos.

“Ainda é cedo para falarmos em quantidades de fornecimento seriado, pois estamos finalizando os últimos detalhes comerciais com as montadoras. Mas a nossa expectativa é que, no caso da TraXon, haja uma substituição natural e gradual das transmissões manuais ainda existentes e também das nossas automatizadas AS-Tronic, que hoje são utilizadas por diversas montadoras instaladas no Brasil, e que poderão incluir a TraXon a partir de novos projetos de caminhões”, analisa Silvio Furtado.

Por ser um produto global, a TraXon chega ao Brasil contemplando diversas demandas de aplicações locais. Contudo, sempre existe a necessidade de adequações visando uma melhor performance nos requisitos técnicos exigidos pelos clientes. Analisando a topografia e temperaturas locais, bem como as necessidades específicas dos operadores de transporte, mesmo com um conjunto básico de hardware e software, o sistema permite ajustes finos em sua calibração. Tudo para que a transmissão possa sempre extrair a melhor curva de torque e potência do motor.

Inicialmente serão nacionalizadas as versões da TraXon com 12 e 16 marchas e o módulo de embreagem tradicional, que já oferece um elevado nível de eficiência – sobretudo graças à sua compatibilidade com um torque do motor de até 3.400 Nm (versão overdrive), ampla relação de marcha, grau de eficácia que chega a cerca de 99,7% e excelente relação potência-peso. As outras versões – Hybrid e Torque – e suas localizações, dependerão diretamente do interesse de clientes locais.

Assim como a TraXon, a 9AS EcoTronic já se encontra em testes com clientes. “Estamos discutindo com os futuros compradores qual será a configuração mais adequada, e a partir daí, teremos o índice de nacionalização de conteúdo dessa transmissão”, assegura Silvio Furtado. A princípio, o produto que chega da Alemanha só receberá algumas adaptações de calibração em seu hardware e software que sejam mais adequadas às condições das estradas e ruas brasileiras.

A seu favor, a 9AS é uma transmissão de peso reduzido em relação ao que existe no mercado. Há clientes que já reconhecem o conceito de ‘transmissão automatizada de nove velocidades mais eixo traseiro com simples redução’ como a mais robusta e eficaz solução para as aplicações do segmento de caminhões médios e semipesados, mas a ZF também disponibiliza para este mercado a solução automatizada de seis marchas para quem opta por um eixo de dupla redução.

O maior benefício da tecnologia de transmissões automatizadas é a redução do custo operacional através do menor consumo de combustível, redução do desgaste dos elementos de atrito de embreagem e freios, padronização da condução, redução do tempo de manutenção, aumento da segurança e conforto para o motorista.