Todos os dias, o casal de Arujá divide a boleia de um JAC iEV1200T entregando produtos Danone na Grande São Paulo

Os caminhoneiros vivem uma das fases mais desafiadoras de todos os tempos no Brasil. Diesel nas alturas e frete baixo formam uma equação que tem obrigado muita gente a desistir da profissão.

Mas nem todo mundo está insatisfeito. O casal Eliane Galeazzi de Oliveira (44 anos) e Vander Francisco de Oliveira (45) se encontra num momento promissor. Eles trabalham com carteira assinada, fazem o que gostam e dividem a boleia de um caminhão moderno e confortável.

Casados há 21 anos, os paulistas e conheceram no final da década de 1990. Foi antipatia à primeira vista. Mas, só nos primeiros encontros. Vander era trocador de ônibus em Guarulhos e Eliane, passageira. Depois de entregar a ele uma cédula de real em péssimo estado, ela ouviu do futuro marido:

– Você não tem um anota menos acabadinha para me dar?

Eliane retrucou:

– Por quê? Se eu não tiver você não vai me deixar passar?

Ele, já nervoso:

– Se você fosse mais educada eu deixaria.

Quem acabou pagando a passagem foi uma colega de Eliane. Ambas pegavam sempre o mesmo ônibus.
No dia seguinte, Eliane “deu o troco”. Pagou a passagem com um monte de moedas de um e cinco centavos.
Vander não se deu por vencido. Guardou as moedas de um centavo para devolver como troco no dia seguinte. Mas Eliane foi mais rápida. Jogou uma cédula de papel na hora de passar a roleta e correu para o fundo do ônibus. O cobrador teve de entregar as moedas para a colega dela.

As rusgas entre os dois não duraram muito. Uma semana depois começaram a namorar. Casaram-se em 2001. E hoje têm uma filha de 15 e um filho de 9 anos e moram em Arujá.

ROTINA CONJUNTA

Durante muitos anos, Eliane trabalhou na loja da mãe e também como costureira na própria residência. O marido passou a trabalhar como motorista de ônibus.

Há cerca de 8 anos, Vander entrou para o transporte rodoviário de carga, fazendo distribuição urbana de produtos Danone na Grande São Paulo. Atuava como CNPJ.

Em 2018, quando o ajudante de Vander teve de deixar o trabalho, ele pediu uma força temporária para a mulher no caminhão. “Achei que não fosse aguentar um mês. Mas o que era para ser um bico virou uma profissão”, conta ela, que adora o que faz.

Atualmente, ambos são empregados do Grupo Movah.

Eliane conta como é trabalhar o dia todo com o marido: “Antes, a gente acabava brigando porque eu cobrava ele mais presença em casa, Não conseguia entender por que o Vander chegava tão cansado. Hoje eu entendo. É uma rotina puxada.”

Mas também é prazerosa. Tanto que, se pudesse, Eliane iria para a estrada em viagens longas. Vander prefere a distribuição. “Gosto de ir para casa todo dia”, diz o caminhoneiro.

CAMINHÃO ELÉTRICO

Em maio, o casal ganhou mais um estímulo para permanecer na atividade. Eles estão dirigindo um caminhão elétrico JAC iEV1200T. “Sou formado em ciência da computação. Gosto de tudo que é novo e tecnológico. Imagina o que é para mim dirigir um veículo desse. É surreal”, elogia o marido.
Segundo ele, o caminhão roda “como um carro de passeio”, com conforto e silêncio total. “É diferente do que tudo que eu já dirigi.”

A autonomia do JAC é de 177 km, mais do que suficiente para um dia de trabalho do casal. “Quando está totalmente carregado (3,5 mil quilos de PBT), ele roda como se estivesse vazio. A diferença a gente só percebe no ponteiro de energia que baixa mais rápido.”

Aos poucos, o caminhoneiro vai pegando as manhas do caminhão. “Procuro manter ele rodando sempre abaixo dos 100 amperes. Assim ganho ainda mais autonomia. Quando você não acelera ou freia, ele devolve um pouco de carga”, explica Vander.

Todo fim de tarde, o casal deixa o veículo no CD da empresa em Guarulhos. Mais tarde, o manobrista coloca o caminhão para carregar durante a noite. A carga total pode durar até 9 horas dependendo do quanto foi gasto durante o dia.

Vander e Eliane se dizem bastante gratos à empresa. “Esperamos ficar um bom tempo com eles”, diz Eliane. “Trabalhamos com um veículo que é uma inovação para a humanidade. E ainda posso estar ao lado do meu marido nessa jornada”, complementa..

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