Não faltam motivos de comemoração para este transportador de Maringá (PR) que hoje está à frente de uma frota de 217 conjuntos, mas começou a vida trocando lambreta por debulhadeira de milho e a debulhadeira pelo primeiro caminhãozinho...

 

Nelson Bortolin

Ele saiu da roça aos 18 anos para se aventurar na cidade. Como empregado numa loja de varejo, conseguiu comprar uma lambreta. Trocou a lambreta por uma debulhadeira de milho. E com a venda da debulhadeira, mais um dinheirinho poupado, comprou seu primeiro caminhão.

Resumido assim, parece que o início da vida estradeira de seu Laurindo Cordiolli, de Maringá (PR), foi fácil. Não foi. Mas é com esse jeito simples e calmo de colocar os fatos que ele explica como começou na atividade que o levou a formar uma empresa de transporte rodoviário de cargas com 217 conjuntos, quase todos com cavalos Scania. Este ano, seu Laurindo tem motivos em dobro para comemorar seu sucesso: dia 20 de fevereiro, ele fez 80 anos. Um mês antes, a Cordiolli Transportes tinha feito 40 anos. 

Nascido em Lusitânia, distrito de Jaboticabal (SP), ele tem boa memória das viagens que fez no seu primeiro caminhão, um Ford F600, ano 1966. Era janeiro de 1967. “Comprava feijão e vendia em São Paulo, Rio, Minas e Nordeste”, conta. Depois, transportou caroço de algodão, milho e soja. Foi indo. Em 1976, já tinha dois caminhões e um empregado e teve de abrir a empresa no final do ano. Ela começou a funcionar em 1977.

A pose diante do primeiro caminhão, um Ford F600, ano 1966

Em 1984, seu Laurindo escorregou, caiu da carreta e rompeu um nervo do braço, quando carregava no Rio de Janeiro. Esse acidente teria grande influência no crescimento do negócio. “Pensei em vender um caminhão para operar o braço. Meu filho, que trabalhava em banco, não deixou. Saiu do emprego e veio dirigir o caminhão pra mim até que eu sarasse”, recorda. O jovem Roberto Cordiolli nunca mais deixou a empresa.

A parceria com o filho, que é diretor administrativo da transportadora, foi inspiradora. “Fomos comprando um caminhão num ano, dois no outro, e não paramos mais”, afirma. De grão em grão, a transportadora enche hoje os pátios com 217 conjuntos. Além de Roberto, outros dois filhos de seu Laurindo trabalham lá: Laurindo Sérgio, diretor operacional, e Fernando, diretor financeiro. Ele tem mais três filhos.

Seu Laurindo, a esposa e seus seis filhos; três trabalham na empresa do pai

No G10, a vida ficou mais fácil

Em 2000, a Cordiolli deu um passo importante: juntou-se ao G10, maior grupo de transporte graneleiro do País. “Crescemos muito, facilitou a compra de caminhões. E melhoraram os fretes, porque os clientes conhecem a qualidade do nosso trabalho.” 

Seu Laurindo prefere os Scania porque gosta e porque é prático. “A manutenção é feita na nossa empresa. Se você põe caminhão de outra marca, o mecânico não gosta porque as ferramentas são diferentes”, explica. 

Questionado sobre as diferenças entre o hoje e o ontem do transporte, seu Laurindo cita algumas: “Hoje a documentação é mais rígida. Além disso, é preciso fazer seguro de carga, tem muito ladrão. Antigamente, se tivesse um problema na viagem, qualquer casa dava comida ao motorista. E o motorista não se angustiava tanto ao deixar a família em casa. Todo o mundo era amigo, os vizinhos ajudavam se fosse preciso”, declara.

Laurindo Cordiolli vai todos os dias à transportadora e mantém sua carteira de habilitação: ele mesmo leva seus caminhões antigos a exposições. Há 20 anos, ele começou esse hobby: colecionar veículos antigos. Tem uns 50. Fora as bicicletas. “Tenho Scania 59, Scania 66, Ford 47, Ford 48, um Mercedinho 58”, enumera. Sua tristeza é não ter achado para recomprar seu primeiro caminhão, o Ford F600, ano 1966. Ele tem um modelo igual. Seu xodó é um Jeep 1961, que pertenceu a sua família. Entre os carros antigos, estão Aero Willys, Gordini, DKW Belcar e Vemaguete.

Parte da coleção de veículos antigos: pena que falta o primeiro caminhão…

“Devo tudo ao consórcio”

Desde o início da empresa, seu Laurindo utilizou consórcio para comprar seus caminhões. “Antigamente era difícil financiamento.” Em 1989, com outros transportadores de Maringá, tentou um Finame. “Foi a pior coisa da minha vida. A prestação ia subindo e ninguém conseguia pagar. Só eu consegui”, conta. Ele acredita que, sem o sistema de consórcio, não teria progredido.

Além do consórcio e do trabalho duro, ele admite que a sorte também o ajudou muito. Em 1985, ganhou na loteria federal valor equivalente à metade do preço de um caminhão. E nos consórcios tem sido sempre contemplado nos primeiros sorteios.

Hoje, quando precisa de um caminhão novo com urgência, ele opta pelo Finame. Mas, sempre que pode esperar, compra pelo Consórcio Scania. “Nós temos um bom entrosamento com o consórcio da Scania, conseguimos bons preços na venda do caminhão velho”, explica.

As viagens oferecidas pelo consórcio para os clientes são outro diferencial na opinião do empresário. “A maior parte dos países que eu conheci foi graças ao Consórcio Scania. Eles nos atendem muito bem nas viagens”, destaca. Seu Laurindo já conheceu a Disneyworld, nos Estados Unidos, e esteve na Alemanha, na França e na Suécia.