Pesquisa nos EUA mostra que 22% dos acidentes têm como causa o fato de o motorista não conhecer o local

Luciano Alves Pereira

Mais uma vez, os poucos quilômetros de estradas no entorno de Belo Horizonte ganharam as TVs e jornais por acidente envolvendo caminhão. No caso, carreta vanderleia, puxada por Scania 113, com carga de cervejas. O pior é que houve vítima fatal. Welerson Estanislau Paggio, de 43 anos. Ele trafegava na pista oposta. Seu carro Gol foi empurrado para fora do asfalto e os veículos despencaram em uma grota de 7 metros.

O envolvimento de pesados em acidentes na chegada Sul de BH é recorrente. Ao contrário de outras capitais, as vias utilizadas por quem vem do Rio, Zona da Mata e Campos das Vertentes, tem de cair na BR-040 e superar o maciço da Serra do Curral. A partir dali, é descer travado até as cidades vizinhas de BH e Contagem.

Há uma variação de altitude de uns 500 metros. Quem não toma cuidado acaba rodando no limite ou acima. Mas a tocada segura seria em velocidade inferior à indicada, que é de 60 km/hora.

O motorista do Scania saiu de Petrópolis (RJ) e alcançou o alto da serra pela manhãzinha de 17 de junho. No entendimento do tenente André Muniz, da PM Rodoviária, “ele deve ter errado o caminho, já que seu destino seria Contagem”. A partir daí reabre-se a antiga discussão: a sinalização local informa certo para entendimento rápido?

Há quem ache que não. A entrada para o ‘anel horrordoviário’ de BH é feita por pista lateral de 7 m de largura, que leva o condutor a supor tratar-se de via secundária. Seria por aqui ou por ali? No seu tosco ‘plano de viagem’, o motorista segue em frente, pegando a decida errada.

Faltou familiarização com o trecho. Os americanos fizeram uma rodo-pesquisa sobre o tema. Teve o patrocínio da NHTSA, que é a agência federal da segurança do tráfego.

Foram analisados 963 casos filtrados de 120 mil colisões com vítimas. O trabalho abrangeu 141 mil caminhões. Os autores partiram da seguinte pergunta-título: “Você conhece as três principais causas de acidentes?”
Começaram pela mais comum: a velocidade elevada diante das condições da via. Neste quesito eles apuraram o fator 23% como causa da colisão. Depois vieram os problemas nos freios, com participação de 29%.

E finalmente a falta de prévio conhecimento do trecho, como 22% das causas. Tão significativo quanto surpreendente. Pelo menos pouco citado no levantamento de acidentes. A não ser que se considere este fator como “falta de atenção”, que é uma das causas anotadas pela Polícia Rodoviária brasileira.

Segundo os autores da pesquisa, “ninguém pode dirigir por todas as estradas, sem estudo antecipado das distâncias, rotas, curvas, etc”. O desleixo faz aumentar os riscos em 100%.

No caso mineiro, ainda tem o problema da estrutura da mureta que divide as pistas. Clique aqui para ler.

Na Europa, as informações sem misturas sustentadas por caros pórticos têm imediata visibilidade