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Viaduto das Almas é adiado

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Entrada em uso do novo Viaduto das Almas é adiada para o ano que vem

Luciano Alves Pereira

Abril chegou, e o novo Viaduto das Almas, no km 593 da BR-040, perto de Belo Horizonte, com a variante para acessá-lo, não foi entregue ao tráfego pelo DNIT, como estava prometido. A promessa agora é: mais 14 meses de obras na variante, por “motivos técnicos de natureza geológica” – algo que soa a zombaria da inteligência dos 18 mil usuários diários da rodovia naquele trecho.

O Viaduto das Almas que continua em uso, com seus 52 anos e seu formato em curva, tornou-se símbolo de uma carnificina: estreito e traiçoeiro, já causou, seguramente, mais de 100 mortes.

Belíssima paisagem mineira, que enquadra os dois viadutos: vê-se bem a diferença de qualidade (e segurança) entre um e outro. No detalhe, o novo traçado da obra.

O novo está pronto e é muito diferente: duplo, reto, tem 460 m de extensão. Mas eis que os “motivos técnicos”, alega o DNIT, obrigaram a fazer um novo projeto do acesso, devido à constatação de que um bolsão de terreno instável, chamado filito, cedeu na saia do aterro do km 591, a 1.500 metros do viaduto velho. O comentário de quem entende do assunto foi rápido: “Construíram um viaduto e esqueceram de como seria o seu acesso”, disse o ex-professor de Geologia da UFMG, Edézio Teixeira de Carvalho.

Cabe a interpretação de que houve ingerência federal na toada da obra. De intensa repercussão regional, ela pode ter sido atrasada para ser inaugurada no período pré-eleitoral.

Os agora 3,6 km – eram 2,7 km – da variante têm 14 meses para ser concluídos. O início da obra coincidiu com a vinda à baila de instigantes dados e procedimentos técnicos oriundos de um informante da Enecon, empresa de consultoria e autora das alterações do projeto.

Segundo ele, alguém demorou a perceber que, pelo projeto original, a variante duplicada apenas mudaria o local do crônico ‘tombamento’ dos veículos naquele pedaço. O ponto crítico sairia do velho viaduto para a sinuosa inserção das cabeceiras à estrada antiga.

Ou seja: quem facilitasse na empinada descida da serra da Ferteco, rumo a Belo Horizonte, poderia chegar ao final da descida numa velocidade que empurraria o veículo para fora da pista ou barranco abaixo, bem na Curva da Cruz (é esse mesmo o nome dela!). O novo projeto caminhou para a eliminação da referida curva, mas pedia um segundo viaduto, também de pista dupla. O seu custo teria desencorajado os burocratas do DNIT e o plano recuou para uma geometria sofrível, ainda assim custosa por causa de um talude na retomada da BR-040.

O total da conta é de R$ 19,2 milhões, incluindo-se o PI (ponto de inserção) intermediário, dispositivo de acesso ao viaduto antigo, em cuja proximidade há chácaras, sítios e até mineração.

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