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Duplicação da BR-262 começa

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Com muitos anos de atraso, começa a duplicação de 83 km da BR-262

Políticos de todos os credos agora se arvoram em pais da retardatária duplicação da BR-262, no trecho mineiro entre Betim e o trevo da BR-494, na chegada de Nova Serrana, sentido Triângulo Mineiro. Desde março, seis empreiteiras estão atuando na construção da via paralela, com 83,14 quilômetros. Seu custo inicial de contrato passa de R$ 124 milhões. A exemplo do ocorrido na Fernão Dias (BR-381), a 262 não ganhará ares de autoestrada, mas apenas uma segunda pista independente. Pontos críticos como as curvas da Serra da Boa Vista continuarão fechadas e as rampas pesadas.

Com 35 mil usuários diários, a duplicação já vem tarde. Menos para gente como Antônio Joaquim de Souza, dono do restaurante do Posto Itamarati, no km 418 (futuro 415). Ele espera uma queda de vendas de 60%, porque a pista no sentido Araxá ficará do lado oposto ao acesso de seu restaurante, e os caminhoneiros que hoje param ali provavelmente irão procurar outro lugar. “Caminhoneiro não faz retorno, nem para continuar freguês de uma boa comida”, diz.

Aspecto da BR-262: 35 mil usuários diários esperam ansiosamente pela duplicação

A original BR-34, rebatizada BR-262, estava entre as prioridades de JK, na década de 1950, mas não foi iniciada por ele. Conforme testemunhou José Moreira, fundador da Minas-Goiás Transportes, o próprio Juscelino entendia que o seu sucessor, “fosse quem fosse”, não poderia adiar a construção da estrada. Era imperioso ligar o Triângulo à capital e esta ao litoral capixaba, já atraindo a mineirada para as praias.

Mas Jânio Quadros não seguiu o script. A construção da via só ocorreu no governo de Costa e Silva, no fim dos 60. Foi inaugurada em 1968, ostentando especificações melhoradas em relação às da década anterior: sem travessias de cidades, raios médios de curva ampliados, acostamentos pavimentados e até olhos-de-gato. E nisso ficou por cerca de 20 anos, quando terceiras faixas foram-lhe acrescentadas no final do governo Sarney.

Na mesma época, seu movimento já mostrava gritante saturação nos 100 km próximos à capital. Mesmo assim, o mineiro presidente Itamar Franco preferiu iniciar a duplicação da Fernão Dias, contando com financiamento externo. Outro descalabro.

Vendo a coisa mais de perto, o hoje deputado federal Mauro Lopes (PMDB-MG) confirmava o desprezo oficial pelos critérios técnicos, quando dizia, por volta de 1992, que a obra da Fernão Dias “era política”. A seu ver, a prioridade máxima deveria ser a duplicação da BR-262. “Pelo menos até o trevo com a MG-050.” Naquela data, Mauro Lopes era diretor-geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. (L.A.P.)

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