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Aumento do diesel faz custo do transporte subir 4%

DAF - Oportunidade 2024
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Nelson Bortolin

O aumento dos impostos sobre combustíveis provocou um impacto médio de até 4% nos custos do transporte rodoviário de carga, que tem o óleo diesel como principal insumo. Devido ao tarifaço do governo federal, os postos aumentaram o valor do combustível entre R$ 0,21 e R$ 0,26 o litro. A maioria dos transportadores e analistas concorda com o tamanho do impacto da medida no transporte. Mas quanto desse aumento chegará ao bolso do consumidor final é mais difícil calcular. Principalmente no segmento de grãos, os transportadores alegam que não conseguem repassar o novo custo para frente.
O presidente do grupo G10, de Maringá, Cláudio Adamuccio, avalia o impacto como “brutal” sobre a atividade. “No transporte de carga, o diesel representa 38% dos custos. E está subindo 24, 26 centavos o litro”, cita. Com o aumento, a participação do insumo na planilha sobe para 41,5%, de acordo com ele. Com uma frota de 1.600 caminhões, o G10 é o maior transportador de grãos do País.
O empresário alega que o transporte graneleiro não consegue formar preços, que seriam impostos pelo oligopólio das tradings. Por isso, não conseguirá repassar o aumento de custos. No transporte de combustíveis e numa operação para os Correios na qual o G10 atua, a situação é diferente. “Temos contrato de longo prazo, que permite que a gente repasse a mudança no valor do diesel”, conta.
Samuel da Silva Neto, economista do Sistema de Informações de Fretes (Sifreca), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, discorda. Segundo ele, o frete agrícola vem subindo há seis semanas. E, independentemente do aumento do diesel, já iria subir mais um pouco, tendo agosto como pico. Devido à segunda safra de milho, a demanda por transporte está bem alta. “Na nossa opinião, o aumento do diesel é um fator que vem somar neste cenário de alta”, afirma.
De acordo com o economista, devido à sazonalidade, o transporte de commodities agrícolas é bem diferente do dos demais produtos. “No ano passado, com a quebra da safra do milho, havia mais caminhões disponíveis para fazer o transporte. Neste ano, com a supersafra, está faltando caminhão”, explica.
Pelo levantamento do Sifreca, um frete de grãos de Toledo a Paranaguá sai hoje por volta de R$ 115 a tonelada. No mês passado, esteve a R$ 104; em maio, a R$ 97; e, em abril, a R$ 89. No pico da safra da soja, em fevereiro, o valor da tonelada era de R$ 130. “Em agosto, quando teremos o pico do transporte do milho, deve chegar a R$ 122, R$ 125, aproximando-se do valor de fevereiro”, conta.
Adamuccio rebate. Para ele, está sobrando caminhão, mesmo com a supersafra. O empresário alega que as tradings não estão encontrando “janelas” nos portos para embarcar seus produtos. “Há problemas fora do Brasil. É um trem que para, é um rio que sobe de nível”, declara. Por isso, o escoamento dos grãos estaria cadenciado. Consequentemente, diz o empresário, sobram caminhões para fazer o transporte e caem as tarifas de frete.

RODOVIARISMO
Consultor em transporte e logística em Curitiba, Ed Trevisan calcula um impacto médio menor no valor do frete: 1,9%. “Depende muito. Em commoditie agrícola, pode ser maior que 4%, mas em carga de alto valor agregado, não impacta tanto”, afirma. Para ele, trata-se de um aumento de custo expressivo para todo o País, tendo em vista que 60% da movimentação de mercadorias em território nacional é feita pelo modal rodoviário. “2% é muita coisa pois estamos falando de bilhões de reais.”
O presidente da Federação das Empresas de Transportes do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, diz que o setor não tem como assumir o novo custo. “Esse valor, de um jeito ou de outro, vai parar no consumidor final. Vai para a prateleira do supermercado. Mais uma vez o cidadão vai pagar a conta de um governo perdulário, que jogou 14 milhões de pessoas no desemprego”, critica.
Para ele, o aumento, junto com a reoneração da folha de pagamento prevista para janeiro, vai ser trágico para o setor. A entidade estima a eliminação entre 5% e 10% dos empregos nas transportadoras se for confirmado o fim do benefício da desoneração. “No Paraná devem ser demitidos 26 mil trabalhadores”, prevê.

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