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Pior para todos

DAF - Oportunidade 2024
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Nelson Bortolin e Ralfo Furtado

O que já era difícil ficou pior. Afinal de contas, não se trata de uma avenida comum. Como diz o presidente do Setcesp, Francisco Pelúcio, a Marginal Tietê é praticamente “uma rodovia federal que liga o País de ponta a ponta”. As restrições impostas pela prefeitura de São Paulo impedem que os caminhões trafeguem por lá das 5 às 9 horas e das 17 às 22 horas.

Por dois dias, no início de março, caminhoneiros autônomos, liderados pelo Sindicam-SP e pelo Sindicato dos Transportadores de Cargas Líquidas e Corrosivas (Sinditanque-SP), fizeram greve em protesto contra a medida. Foram notícia nacional porque faltou combustível em vários postos, mas tiveram de voltar ao trabalho por ordem da Justiça. As restrições foram mantidas.

O resultado das restrições, que estão em vigor desde 5 de março, é desastroso. Estresse e insegurança para quem está na boleia, multas (só no primeiro mês, 81.588, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego), aumento do custo da operação de transporte, onerando os produtos transportados. Tudo isso em troca de um alívio do trânsito muito pequeno, segundo o balanço feito pela imprensa no final do primeiro mês da restrição.

“Não temos um pátio, um ponto de apoio para estacionar e esperar o horário autorizado. Ficamos na beira da Dutra, sujeitos a ser atropelados, assaltados, colocando a carga em risco”, disse o caminhoneiro Sidnei Alves Neto à Carga Pesada no dia 13 de abril. Ele esperava dar 9 horas na marginal da Dutra para poder entrar na Tietê.

O serviço de rastreamento avisou Sidney que ele não poderia ficar parado ali. “Mas onde eu vou parar? O problema é esse prefeito (Gilberto Kassab, PSD), que só anda de helicóptero. Ele não entende o nosso drama”, desabafou.

Após três semanas da restrição, a empresa TDB Transportes, com sede no Parque Novo Mundo, em São Paulo, estimava que seus custos tinham aumentado 12%. Antes, para levar carga fracionada aos grandes magazines e supermercados em Barueri e Osasco, a empresa percorria 48 km (só ida) em, no máximo, duas horas. Agora, o percurso alternativo tem 140 km e é coberto em três horas.

A cerca de 300 metros da Marginal Tietê (sentido Castelo Branco), os veículos da TDB seguiam direto pela via até muito próximo dos clientes. Hoje, saem no sentido Guarulhos, pegam a Avenida Jacu-pêssego, o Rodoanel (trechos Sul e Oeste) e, depois, a Castelo Branco ou a Anhanguera, para chegar a Barueri e Osasco.

“A Jacu-pêssego é uma via periférica, sem segurança, com lombadas, faróis e uma faixa esburacada para caminhões”, reclamou o diretor da TDB, Thiago Menegon. Ele disse que a estimativa de 12% de aumento de custo é conservadora, pois inclui combustível, pneus e pedágio mas deixa de fora despesas com horas extras.

Para atender os grandes clientes de Barueri e Osasco, a transportadora utiliza tocos e carretas. Mas também possui uma frota de VUCs e camionetes para poder usar a Marginal Pinheiros, onde os caminhões estão proibidos desde 2009.

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