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Caminhoneiros são usados por bolsonaristas

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Quem ousa passar pelos bloqueios de rodovias pode ter seu veículo queimado

Segundo o portal UOL, dois caminhões foram incendiados na segunda-feira (21) em meio a atos golpistas na BR-163 próximo a Sinop, no interior de Mato Grosso. Veja no vídeo:

.Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaram a bloquear rodovias no final de semana. Eles querem intervenção militar para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos órgãos estaduais mostram que grandes empresas financiam os protestos antidemocráticos nas rodovias e que, entre as lideranças, além de empresários, estão prefeitos, deputados, médicos, agricultores e até delegados.

Embora apareçam com destaque nas imagens divulgadas pela imprensa e redes sociais, os caminhoneiros autônomos não estão entre os organizadores dos protestos.

“Hoje, as manifestações de rodovias estão concentradas principalmente em Mato Grosso. Os caminhoneiros estão evitando ir para lá. Ontem mesmo, um companheiro nosso precisava sair em viagem para o Mato Grosso, mas a mulher dele não deixou. Quem já está mal (financeiramente) fica mais uma semana parado”, conta o diretor do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Ijuí-RS, Carlos Alberto Litti Dahmer.

Segundo ele, não existem caminhoneiros “participando livremente” dos protestos. Quem participa são os empregados, por determinação dos patrões, e os agregados a grandes empresas do agronegócio. “Participam porque têm contrato com uma empresa e não podem se indispor.”

Litti diz que todo cuidado é pouco diante de bloqueios de estradas porque os manifestantes estão desequilibrados e dispostos a tudo. “Você viu aqui no Rio Grande do Sul os caras tentando fazer contato com extraterrestre para pedir apoio? É o limite da loucura, que nem Freud explica. Não há possibilidade de discutir com gente dessa natureza”, declara.

“O cara que não entende que, em uma democracia vence quem tem mais votos, e ainda pede intervenção militar, ele está num processo de confusão mental muito grande”, complementa.

Litti acredita que, com a proximidade da safra de soja, os bloqueios devem diminuir porque o agronegócio não vai querer perder dinheiro. “Por que o véio da Havan (empresário Luciano Hang) não fechou nenhuma de suas lojas nem por meio dia? Por que só o comércio pequeno é chamado a parar?”, questiona. Ele mesmo responde: “Porque esses grandes empresários não fazem nada que bata no bolso deles”, critica.

Caminhoneiro nem pode parar

O presidente do sindicato e da federação dos caminhoneiros autônomos de São Paulo (Sindicam e Fetrabens), Norival de Almeida Silva, concorda que a categoria está sendo usada nas manifestações políticas. Grandes empresários, defensores de Bolsonaro, querem os caminhões se avolumando em rodovias para fazer barulho, mas não aceitam ter prejuízos. “Se está tudo errado (com a eleição), por que a indústria não para de produzir? Por que o embarcador não deixa de embarcar?”, questiona.

Ele ressalta que as entidades não têm competência para questionar o resultado das eleições. “Goste eu ou não, tenho e respeitar quem ganhou ou perdeu”, declara.

Silva afirma que o caminhoneiro não quer parar até porque não pode parar. “Não tem condições financeiras para isso.”

Mas recomenda aos motoristas que tenham cautela ao chegar a um ponto de bloqueio. “Se acontecer isso, tem de parar. Se a polícia vier, tem de dar um jeito de avisar o policial que parou porque foi obrigado. Não adianta querer furar o bloqueio e ser apedrejado e perder tudo o que tem.”

Como bucha de canhão

O líder da Frente Parlamentar dos Caminhoneiros, deputado Nereu Crispim (PSD-RS), também acredita que a categoria está sendo usada pelos bolsonaristas como “bucha de canhão”. “Os motoristas não estão participando dessa baderna por vontade própria. A nossa pauta é uma pauta de reivindicações econômicas e não de questionamento das eleições”, declara.

Ele diz que “nem faria sentido” os caminhoneiros saírem em defesa do presidente Bolsonaro “que não cumpriu nenhuma promessa feita à categoria” durante os quatro anos de governo.

Quem financia as manifestações hoje, segundo o deputado, é o agronegócio, “que paga um frete de esmola para o caminhoneiro autônomo”

Nem mesmo os pequenos empresários do transporte participam do movimento, na opinião de Crispim. “Quem tem quatro ou cinco caminhões não para”, atesta.

O deputado diz que vem negociando com os dirigentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos Estados sempre que tem notícia de um bloqueio. E que o órgão tem atendido as demandas para garantir o direito de ir e vir nas rodovias.

Ele considera que Bolsonaro incentiva a continuidade dos atos golpista ao se esconder no Palácio do Alvorado e deixar de falar com a população sequer por meio de vídeos. “Vão tentar manter essa tensão até a posse do Lula (1º de janeiro).”

 

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