O modelo extrapesado do Ford Cargo significa uma dupla e surpreendente novidade. Primeiro, por levar a marca de volta ao mercado europeu de extrapesados, do qual se ausentou durante décadas. E também pelo seu “look de personalidade”, fruto da frente que “passa a ideia de imagem em movimento”, conforme explicado por fonte da Ford.
Sua aparência inovadora merece palmas. Rompe com a mesmice dos demais fabricantes de caras-chatas, nos quais o peitoral em forma de trapézio invertido não escapa das fendas ou elementos horizontais, repetidos no Scania, MAN, Iveco e nos lançamentos da DAF e Daimler.
O Cargão é filho de vários “pais”. A Ford Brasil é coautora, mas no topo está a Otosan, da Turquia. Lá a Ford americana constituiu uma joint-venture com a poderosa família Koc. O alvo imediato do novo Cargo 1846 T turco (foto) são os países da Europa Central, Rússia, África do Sul e Oriente Médio. Seu motor é o Cursor, da Iveco. Ele desloca 10,3 litros de cilindrada, podendo desenvolver 430 cv (Euro 3) e 460 cv (Euro 5). Como tal deve vir para cá.
Os parentescos internacionais – especialmente na Inglaterra – levaram a Ford à escolha do fornecedor FPT (Fiat Power Train), coligado à Iveco. Este conjunto de força de seis cilindros em linha adota na Turquia a injeção de alta pressão através de bicos injetores unitários (tipo EUI), combinados com o turbo de geometria variável. Esse componente tornou-se unanimidade entre os fabricantes por permitir encher os cilindros em baixos giros, contribuindo para a economia de combustível. Dita virtude, calibrada com o escalonamento do câmbio automatizado ZF de 12 velocidades, combinadas com a redução do eixo traseiro, resulta em números interessantes para o Cargo 1846 T. A 80 km/h, por exemplo, seu motor trabalha manso a 1.200 rpm. Não faltam igualmente ao produto Ford para 40 t os rebuscamentos do EBS, ESP e hillholder – aquela abençoada parada de segundos que muito facilita as arrancadas de morro acima, sem riscos de trancos para a transmissão. (Luciano Alves Pereira)