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Concessões não aguentam contrato só com pedágio

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Luciano Alves Pereira

O titular da Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (Setop) de Minas, o deputado federal Carlos Melles, repetiu agosto de 2012. Voltou a anunciar o ‘reavivamento’ da PPP-MG-050 (Parceria Público-Privada) da troncal estadual MG-050, eixo viário do Centro-Oeste de MG. Confirmou as promessas de aporte de R$ 255 milhões, destinado a duplicações de Itaúna, Mateus Leme, Azurita, além de outras obras. O secretário soltou a  ‘boa nova’ em São Sebastião do Paraíso (MG), sua base eleitoral, durante o Carnaval.

De lá pra cá foi-se um bom tempo, mas segundo suas palavras, o governo do estado retomará uma série de obras na PPP, “tendo em vista que o grupo Atlântia, da Itália, adquiriu metade das ações da Nascentes das Gerais”, que é concessionária da MG-050. Melles disse que “estamos fazendo um reequilíbrio contratual e o governador deverá anunciar boas notícias” para o conjunto das MG-050, BR-491 e BR-265, num percurso de 371,4 quilômetros. Sua expectativa é que, “no máximo, em 60 dias [ou seja, em abril]teremos  novidades e altíssimos investimentos na MG-050”, prometeu Melles em fevereiro.

De fato, como levantado pela Carga Pesada, na sua edição de dezembro/2012-janeiro/2013, sem repasses oficiais extracontratuais a estrada não melhora como o trafego requer. Há carradas de razões para os tais primeiros cinco anos perdidos. Em geral, quase nunca aceitas pelos usuários que pagam hoje R$ 4,10, em cada um dos seis postos de pedágio.

Críticos acusam o planejamento no início do primeiro governo Aécio Neves.  Por outro lado, nesta questão do trânsito rodoviário, seria impossível aos calculistas preverem que cerca de 500 mil caminhões fossem vendidos no país nos últimos três anos. Desses, 300 mil para ampliação das frotas. Os números foram liberados por Alcides Cavalcanti, diretor de Vendas e Marketing Brasil, da Iveco, em Belo Horizonte, no final de março. Ainda pelos seus totais, “há no Brasil, cerca de 2,3 milhões de caminhões circulando por nossas rodovias, cuja idade média caiu para 14 anos”. Sem falar nos automóveis.

Até aí temos o instantâneo da demanda atual a exigir especificações compatíveis da MG-050, as quais nunca fizeram parte da sua biografia. Como das poucas troncais sob jurisdição mineira, teve o seu nascimento junto com o próprio DER/MG e somente na segunda metade da década de 1960, o governador José Magalhães Pinto conseguiu asfaltá-la de Formiga, Divinópolis a Betim. Era a MG-7 de outros tempos e anos depois sua pista única de 7 metros de largura ganhou acostamentos de 1,5 m e assim continua.

ULTRAPASSAGEM − Cansada de ouvir queixas dos usuários quanto à impossibilidade de ultrapassagem, a revista Carga Pesada foi a campo para medir, por exemplo, quanto de linhas tracejadas (sinalização horizontal) e terceiras faixas dispõe a via entre Itaúna e Divinópolis, numa distância de 33 quilômetros, sentido oeste. E a realidade se confirmou. No saturado trecho, há apenas 7 quilômetros de listras amarelas interrompidas e 1.100 metros de terceiras faixas.

No primeiro caso aparecem 15 segmentos de possibilidade de ultrapassagem, numa média de curtos 500 metros cada.  Já as faixas auxiliares se dividem em minguados quatro momentos. Considerando que somente este último dispositivo oferece oportunidade de ultrapassagem segura, conclui-se que há apenas 3,4% de meios de o usuário livrar-se da fila que segue um imaginário MB 1113 trucado, carregando 15 toneladas.

A precariedade é grande e estende-se por toda a via concedida. De um modo geral, a opinião pública acha que as obras devem ser executadas com os recursos arrecadados no pedágio, mas, no momento, essa equação não fecha porque foi armada ante os custos da construção civil e dos imóveis (há várias desapropriações paradas e encarecendo) de cinco anos atrás.  É preocupante o desequilíbrio financeiro dos contratos de concessão, que alcança também a primeira leva, do então DNER, cujas tarifas eram puro mamão com açúcar. Isto quer dizer a Dutra, a ponte Rio-Niterói e a BR-040 (até Juiz de Fora).

Para a última rodovia, o governo federal prometeu a liberação de vultosos R$ 800 mil para tirar do papel uma obra prevista desde o começo do contrato, em 1995. Será a nova subida da Serra de Petrópolis, do km 102 ao 82. O detalhe suspeito é que dita obra teve o seu custo incluído no cálculo da tarifa do pedágio (atuais R$ 8) e cobrado desde então. A ‘ajuda’ estará disponível a partir do primeiro semestre de 2014 e contempla a perfuração de túnel de 5 quilômetros, a partir do aprazível ponto de parada e descanso chamado Belvedere. Consta que a concessionária Concer teria dito que seu caixa suporta o desembolso de R$ 270 milhões, valor correspondente aos R$ 80 milhões, estimados no início. Hoje a obra, conforme projeto executivo da Concer, ficaria em R$ 1 bilhão.

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6 Comentários

  1. eu não sei porque que o governo quando faz os contratos de conseção, primeiro gasta dinheiro arrumando as estradas e depois entrega de mão beijada a certos grupos, que naturalmente, já é coisa aconchavada com os políticos, e dai pegam as rodovias, usam , cobram do usuário e não dão manutenção como deveriam dar alegando,que o que cobram não cobre o custo, e continuam enchendo o bolsso de dinheiro, e mesmo porque há uma dispaRIDADE MUITO GRANDE NOS PREÇOS COBRADOS, SERÁ QUE OS MATERIAIS USADOS NO NOSSO PAIS SÃO DE PREÇOS DIFERENTES, POIS OS PREÇOS  PRATICADOS NA COBRANÇA DE PEDÁGIOS SÃO COMPLETAMENTE DIFERENTES, COMO EXEMPLO CITO OS DE SANTA CATARINA , QUE SÃO MAIS BARATOS , QUE OS DO RIO GRANDE DO SUL,COMO PODE ISTO SE O PAIS É O MESMO.

  2. Ainda bem que a Revista Carga Pesada tem uma linha editorial independente e isenta, porque a imprensa de Minas Gerais é totalmente omissa e condescendente com o governo de Minas e o partido que ele representa, e nada divulga a respeito dessa VERGONHA que é a concessão da MG 050 pelo Sr. Aécio Neves. Parabéns para a revista Carga Pesada que não se curva e continua denunciando a incompetência dessa gente que administra o Estado de Minas Gerais há 12 anos e não consegue resolver o problema da principal rodovia estadual mineira.

  3. O Paulo Detra comparou as Rodovias de Santa Catarina com as do Rio Grande do Sul e achou um disparate, Saia de São Paulo em direção ao Mato Grosso do Sul e vc verá o que é diferença de preço , que começa com R$ 3,60 e salta para R$ 12,90, no mesmo estado!!!

  4. Se as concessionárias não fizerem os investimentos que se comprometeram a fazer, devem ser multadas, as concessões tomadas, o dinheiro que arrecadaram tomado, e os donos das empresa, presos. No mínimo.

  5. De Passos a São Sebastião do Paraíso não parece até brincadeira obras que nunca acabam mais se parecem com uma rosca sem fim,um buraco negro onde se joga o dinheiro arrecadado no pedágio mais o dinheiro do governo que investido na MG-050.Diga se de passagem que o preço do pedágio é muito auto pelo retorno que recebemos,um atendimento ao usuário que demora muito, cada veículo de suporte ao usuário tem um percusso muito longo.
    Obs: UM ABUSO,ABSURDO,ESTÃO ME LESANDO COM APROVAÇÃO DO GOVERNO,POR NÃO SE VER FISCALIZAÇÃO NO LOCAL.

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