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Bancos pedem tempo para receber pedidos

DAF - Oportunidade 2024
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Nelson Bortolin

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Como quem ganhou, mas não levou. Foi assim que se sentiu o caminhoneiro ou microempresário de transporte que procurou o banco para prorrogar o pagamento do seu caminhão que está financiado com recursos do BNDES. O benefício foi concedido pela lei federal 13.126 e regulamentado pela circular 26 do BNDES, ambas de maio deste ano. E visa atender as reivindicações da greve de caminhoneiros do início do ano.
A lei autoriza os bancos a refinanciarem 12 parcelas de caminhões adquiridos com recursos do BNDES (Procaminhoneiro e PSI). Elas são jogadas para o fim do contrato e o transportador fica sem pagar as 12 primeiras prestações após a assinatura do novo contrato. Os juros dessas parcelas refinanciadas são de 6% ao ano para aqueles clientes cujas taxas originais são inferiores a essa. Quem paga acima de 6% ao ano, permanece com a mesma taxa para as parcelas renegociadas.
Até o fechamento desta edição, somente três bancos haviam aderido ao chamado Refin, de refinanciamento: Banco do Brasil, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob). Dia 13 de agosto, o BNDES informou, em audiência na Câmara dos Deputados (foto ao lado), que os três bancos tinham feito, no total, 291 contratos.
Na mesma ocasião, o diretor adjunto de Negócios da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian, disse que todos os bancos irão aderir, mas demora. “O BNDES expediu a circular com as instruções no dia 3 de julho. Precisamos de 90 dias para fazer as adaptações necessárias nos nossos sistemas”, declarou. Ou seja, os bancos particulares começarão a receber pedidos em outubro. O limite para o cliente dar entrada é 31 de dezembro.
Quem estava na expectativa de obter o benefício era Fábio José Mendes, microempresário de Gravataí (RS). O assunto dele é no Banco do Brasil. “É uma batalha. Não vejo a hora dessa novela acabar. O banco disse que está tudo certo, mas só terei sossego quando assinar o papel”, contou o gaúcho.
A Carga Pesada acompanhou o périplo de Mendes para conseguir que o BB aceitasse seu pedido. Várias vezes, o banco alegou que só iria atender os clientes do Procaminhoneiro. Mas a lei e a circular estendem o benefício aos microempresários com faturamento de até R$ 2,4 milhões por ano, que adquiriram caminhões pelo BNDES PSI. Foram várias semanas até que o banco, em Gravataí, decidiu atender o gaúcho.
“A situação está difícil. Meu movimento caiu 60%. O jeito está sendo gastar as economias”, declarou o caminhoneiro. Ele disse que o banco só fez o refinanciamento porque não havia nenhuma prestação atrasada. Dedução: os que mais precisam, provavelmente, não vão conseguir.

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