Em 2016, o mercado de caminhões novos no Brasil deve ficar no máximo do mesmo tamanho de 2015, algo em torno de 75 mil emplacamentos – pouco mais da metade dos 137 mil veículos vendidos em 2014. A previsão é de Cláudio Adamuccio, presidente do Grupo G10, de Maringá. Segundo ele, para a venda de caminhões voltar ao nível de 2014, os juros para financiamento não podem ser maiores que 10% ao ano.
A expectativa do mercado é de que os juros do BNDES serão bem salgados. Acredita-se que a única modalidade que o banco vai liberar é o Finame TJLP, pós-fixado, cujos juros variam durante o contrato conforme a taxa de longo prazo. Hoje, TJLP mais spread bancário resultam numa taxa de cerca de 14,5% ao ano.
De acordo com Adamuccio, uma empresa de transporte rodoviário de cargas, “quando bem gerida”, tem resultado de 8%. Por isso, não pode pagar taxas maiores que 10% ao ano. “Se os juros do Finame chegarem a 18%, como andam dizendo, as vendas de caminhões podem cair ainda mais”, estima.
O ex-presidente da NTC&Logística e atual conselheiro da entidade, Geraldo Vianna, também acha que “as perspectivas de reaquecimento do mercado de caminhões são muito remotas”. Segundo ele, o problema não está nas taxas de financiamento. “Enquanto o Brasil não voltar a crescer, não haverá retomada das vendas de caminhões”, na opinião de Vianna. “Primeiro, porque o transportador está endividado. E quem tem dinheiro e crédito não tem motivos para comprar”, diz, ressaltando que a demanda de carga está menor que a oferta de caminhões.
O representante da NTC&Logística cunhou a expressão “bolha rodoviária” para se referir ao processo de produção e venda “exagerada” de caminhões nos últimos anos. “O governo quis agradar a indústria automotiva e manter os empregos dos metalúrgicos e exagerou nos incentivos”, na opinião dele. “Saímos de 80 mil caminhões por ano para mais de 150 mil, num prazo de apenas cinco anos. Então, não é que as vendas tenham caído em 2015: elas estão apenas voltando ao normal.” De acordo com Vianna, o transporte rodoviário de cargas não precisa de mais de “70 ou 80 mil” caminhões novos por ano no Brasil.