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Caminhoneiros querem volta do pedágio no PR, mas com valores ‘justos’

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Estradas do Paraná, segundo motoristas, já pioraram com o fim do contrato de concessão, em novembro do ano passado

Nelson Bortolin e Leiliani Peschiera

Os caminhoneiros sentiram alívio no bolso com a suspensão da cobrança de pedágio no Anel de Integração do Paraná. Mas já percebem piora na qualidade do asfalto e relatam falta da assistência prometida pelo governo do Estado. Em geral, eles defendem o pedágio, mas com valores bem mais baixo dos que eram cobrados.

O Paraná liberou as praças de pedágio em novembro do ano passado, após mais de 20 anos de um modelo fracassado, no qual eram cobradas algumas das mais altas tarifas do Brasil, sem o retorno esperado das concessionárias.

Um novo modelo está sendo construído em parceria entre o governo do Paraná e a União. A promessa é que o leilão terá tarifas ao menos 33% menores.

A nova concessão não vai sair antes das eleições de outubro. O governador paranaense Ratinho Júnior utiliza o “fim do pedágio” como trunfo em sua campanha de reeleição.

Para o caminhoneiro autônomo Antônio Pereira de Souza Junior, 39 anos, de Cambé (PR), a suspensão do pedágio ajuda a compensar a alta do diesel. “Mas os buracos estão chegando e a gente não tem mais auxílio na rodovia”, afirma. Apesar de que, ele próprio relata já ter precisado de ajuda quando as concessionárias ainda estavam atuando e não conseguiu. “Foi uma vez que furou um pneu. Tive de retornar um quilômetro, pagar de novo o pedágio para voltar a Londrina, consertar o pneu, e pagar o pedágio mais uma vez para seguir viagem.”

A conversa da reportagem com os motoristas foi no Posto Portelão, em Cambé, em meados de abril.

Dono de um Mercedes-Benz 1313, ano 1979, no qual transporta produtos alimentícios e embalagens, Souza Junior defende a volta do pedágio, mas com valores “decentes”. “Com o pedágio, as estradas melhoram, a gente tem alguma assistência como o guincho se o caminhão quebrar”, alega.

O valor do pedágio não deveria ser necessariamente uma preocupação para o caminhoneiro, já que a Lei do Vale Pedágio, promulgada há mais de 10 anos, determina que o embarcador ou o contratante são responsáveis pela despesa. Mas essa é mais uma das leis que “não pegaram” no Brasil. “Nunca funcionou. O caminhoneiro é que sempre paga”, confirma o motorista de Cambé.

Com 18 anos de profissão, Everson Pires Claro, 41 anos, de Curitiba, sentiu uma melhora “no bolso” com a suspensão do pedágio no Paraná. Mas já prevê problemas pela frente. “Quero ver quando as rodovias começarem a sumir.”

Dono de um Ford Cargo 2007, ele transporta “de tudo” e considera necessária a assistência que as concessionárias prestam nas rodovias. “Já precisei de ajuda e consegui. Hoje, se acontecer alguma coisa, duvido que o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) vai atender.”

Mas, assim como os colegas, Claro defende uma tarifa justa. “Não dá para gastar R$ 500 de São Paulo até aqui (Cambé) só de pedágio como eu pagava”, alega. Para ele, o valor justo seria ao menos a metade do que era cobrado.

“Tem de ser uma tarifa que todo mundo possa pagar”, concorda o colega Dirceu da Silva Pinto, autônomo de Campo Largo (PR). Recentemente, ele teve dificuldade na estrada e ficou na mão. “Tive problemas com a caixa de câmbio. Fiquei um dia parado na rodovia, um amigo me ajudou. Se fosse na época das concessionárias ao menos me levariam para um lugar seguro”, acredita. Com um Scania ano 1977, ele transporta “de tudo”, inclusive grão.

Já, para Jair Adão, de Curitiba, a concessionária não faz falta e, por ele, o pedágio não voltaria nunca mais. “Nunca me deram um socorro. Quando precisei, negaram. Para que serve se eles não dão assistência nem para a gente trocar um pneu?”, questiona.
Adão percebe que a qualidade das estradas já vem piorando no Paraná. “Mas os buracos, o DER está tapando.”

Com seu Ford Cargo, ano 1997, ele transporta leite e farinha, entre outras cargas. E gastava R$ 300 de pedágio para ir de Curitiba ao Norte do Estado. Por isso, no final do mês, segundo o paranaense, está sobrando um dinheirinho.

O problema é que os contratantes, de acordo com ele, estão querendo reduzir o valor do frete porque “não precisam pagar mais o pedágio que nunca pagaram”.

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