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Minas Gerais: Histórias do tanqueiro Vitor Bernadara

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Luciano Alves Pereira

Revista Carga Pesada

A história começa no norte da Itália, onde nasceu Vitor, numa família de agricultores, na região de Savona, Piemonte e Quiavenna. A 2ª Guerra Mundial o pegou na idade de servir no exército de Benito Mussolini. Foi uma época de grande padecimento. Mas ele safou-se, e com o fim da guerra, vendo muita gente migrando para a América do Sul, embarcou para o Rio de Janeiro em 1946.

No Brasil, Vitor Bernadara empregou-se como faxineiro numa oficina mecânica de caminhões, em São Paulo. Logo virava motorista, com o apoio de conterrâneos. Em pouco tempo começou a puxar gasolina do Rio de Janeiro para o aeroporto de Montes Claros (MG), e passou a contratado da Esso. Bernadara fez parte da falada turma de carreteiros de Matias Barbosa e Juiz de Fora, que viu o transporte prosperar com o asfaltamento da BR-3 (hoje, BR-040), em 1957. Foram profissionais que adotaram os FNMs ou Alfa Romeos, fabricados em Xerém (RJ). Fizeram história, com o uso pioneiro das composições romeu-e-julieta, apelidadas de ‘cobras’.

Vitor (de camisa branca), entre FNMs e seu Chevrolet Impala com pneus de faixas brancas. Aparece ainda um colega da BR-3 (hoje BR-040)

Vitor (de camisa branca), entre FNMs e seu Chevrolet Impala com pneus de faixas brancas. Aparece ainda um colega da BR-3 (hoje BR-040)

Em 41 anos de TRC, o caminhoneiro italiano colecionou muitos casos pra contar. Diz, com prazer, que nos anos 60 ele morava em Juiz de Fora e seu ‘carro de andar’ era um Chevrolet Impala importado, ano 1962, de duas portas e motor de oito cilindros, que em poucas aceleradas marcava 150 por hora. Numa estrada vazia e recém-asfaltada, era um apelo ‘à disparada’.

Certa data, Bernadara trazia (de Juiz de Fora) o carona e amigo José de Paula, comerciante de caminhões. Este não sabia como Vitor dirigia. Quando ganhou a BR-3, o Impala ‘azulou’. No velocímetro, 150 era o mínimo. Zé de Paula pedia moderação no pé, sem sucesso. Vendo sua ‘avó pela greta’, de Paula resolveu agir. Mesmo com o carro em movimento, num gesto rápido, tirou a chave da ignição e atirou-a longe, para o mato. Diga-se que naquela época as chaves não trancavam o volante. O carro parou no acostamento, com Bernadara às gargalhadas. Para surpresa do acompanhante, ele tinha a chave reserva do bolso e retomou a viagem. Mas chegaram a Belo Horizonte sãos e salvos.

Vitor Bernadara deixou a lida com caminhões, em 2000. “Meus filhos não quiseram continuar no negócio”, explica. Pelos anos 1980, a sua transportadora Vitor Bernadara Ltda., de Betim, operou uma frota próxima de 50 conjuntos, predominando os cavalos-mecânicos Fiat Diesel. Ele sempre prestigiou as coisas da sua Itália natal.

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