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Scania segue apostando em motor de combustão interna

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Salto de tecnologia dos caminhões Super revela estratégia da montadora para a realidade brasileira

A Scania investiu 283 milhões de euros na planta de São Bernardo do Campo para desenvolver novos caminhões com motor de combustão interna. São frutos desse investimento as gamas Super e Plus, lançadas respectivamente em novembro do ano passado (na Fenatran) e em maio deste ano.

Em entrevista à Revista Carga Pesada, o diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Scania Operações Comerciais do Brasil, Marcelo Galão, explica o salto de tecnologia que a montadora deu ao lançar a gama Super, que já teve mais de 4,5 mil unidades comercializadas no País. O novo caminhão oferece mais 8% de economia de combustível que se somam aos 12% já oferecidos pela montadora quando lançou sua Nova Geração em 2018.

“O Super foi lançado com um pacote de motor, câmbio e diferencial completamente novo em relação à linha anterior”, conta. O diretor começa a apresentar os diferenciais pelos cabeçotes. “Os cabeçotes Super são cabeçotes únicos. O caminhão precisava aguentar uma pressão de combustão maior, então aumentamos a taxa de compressão dos veículos para ter mais eficiência energética. Esses motores têm 250 bar de pressão máxima de combustão e uma taxa de compressão de 23 para um”, ressalta.

Os pistões do veículo são de aço puro com o topo mais duro e a saia mais leve “garantindo a eficiência tanto em resistência quanto em leveza, diminuindo a inércia interna do motor”. “O Super tem um dispositivo chamado CRB, que em português significa freio de liberação de compressão. Na prática, o motor trabalha invertido. Você libera as válvulas do motor. Em vez dele trabalhar com compressão, a válvula de escape abre em compressão e você trabalha com um motor com uma pressão negativa, ou seja, com vácuo dentro do motor”, conta.

Ele faz uma analogia para explicar melhor. “É similar a você ter uma seringa. Você tapa a entrada da seringa e puxa o êmbolo para trás. É aquilo que acontece dentro do motor.”

ARLA

Segundo Galão, o Super também tem um sistema inovador de injeção de arla, o Twin SCR, que fica logo após a turbina. De acordo com ele, para a injeção de arla ter o efeito de neutralizar os óxidos nitrosos, ela precisa ser feita em alta temperatura. “Quanto mais alta a temperatura, melhor a eficiência da neutralização.”

Além disso, conforme explica o diretor, há um segundo bico de injeção de arla no sistema de tratamento de gases, que é o antigo silencioso. “No Euro 6, é necessário também você filtrar as partículas. Então, dentro do silencioso do Super, você tem um filtro de partícula, o DPF.”

TANQUES

Outro grande benefício do Scania Super está na introdução de série da nova unidade de otimização do tanque de combustível. O recurso, exclusivo da Scania para estes modelos, foi chamado de FOU (Fuel Optimization Unit), e funciona como um tanque de captura capaz de garantir a utilização máxima do combustível, inclusive a quantidade que permanece na base do tanque abaixo do pescador.
A novidade permite o aumento da carga útil transportada pois a porcentagem de diesel utilizável nos tanques passa de 87% para 97%.

CAIXAS

São 14 marchas, começando pela C, que tem uma redução de 20.8. Segundo o diretor a redução é praticamente 4 vezes maior que a das caixas convencionais. “É uma vantagem grande. Quando esse caminhão está puxando 9 eixos num aclive de 30 graus, você vai ver uma performance enorme na saída do caminhão”, garante

Já a última marcha tem um giro maior no eixo da caixa do que no motor. “A cada 0,78 volta, a caixa deu uma volta. Então você multiplica a última marcha. Isso mantém esse caminhão em uma velocidade de cruzeiro de 80, 90 km em giro baixo a 900, 1.000 rpms”, alega. O resultado é economia de combustível.

A gama Super conta com as caixas G25 e G33. “São caixas de alumínio que pesam até 75 kg menos do que as caixas convencionais. Elas não têm óleo em toda sua parte interna. O óleo fica na parte inferior e é jogado nas engrenagens em modo de spray”, conta.  O sistema, de acordo com o diretor, elimina o efeito de arraste que acontece com as caixas convencionais banhadas de óleo até a parte superior.

Durante a entrevista, o diretor comentou ainda sobre a Capacidade Máxima de Tração (CMT), de 90 toneladas do caminhão Super. Falou também sobre os cardans do veículo e sobre os dispositivos de segurança como o sensor anticoalisão dianteiro e o sensor de desvio de faixa.

E comentou as inovações que também estão presentes na gama Plus. Veja no vídeo abaixo:

Segundo Marcelo Galão, as montadoras de caminhão vivem um dilema sobre investir ou não no desenvolvimento de novos motores de combustão interna. Na Scania, essa dúvida não existe, tanto é que foram investidos os 283 milhões de euros em São Bernardo. “É um investimento que mostra a nossa intenção de manter o motor a combustão interna, a diesel, a gás e outros combustíveis”, conta.

A Scania acredita que esse tipo de motor continuará dominando o mercado brasileiro por um período de 10 a 15 anos.

O diretor diz que muitas montadoras estão preferindo manter a atual tecnologia dos motores a combustão interna e apenas fazer adaptações para atender às normas como a Euro 6. “Mas aí você tem outro fator: quando você coloca filtro de partícula, você tem uma restrição na saída e pode ter um efeito indesejado de perda de potência”, conta.

Por isso, a Scania optou em continuar investindo no desenvolvimento da tecnologia desses motores.

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