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Londrina testa ônibus Scania movido 100% a biometano

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Demonstração do veículo levou autoridades e jornalistas para um tour pela cidade

Leiliani de Castro

O biometano chega para testes no transporte público de Londrina (PR). Na manhã da quarta-feira (7), Scania e Companhia Paranaense de Gás (Compagas) apresentaram ao poder público e imprensa, na prefeitura de Londrina, o ônibus movido 100% por este combustível.

Ao final deste mês de testes, supervisionado pela Companhia Municipal de Trânsito (CMTU), a cidade avaliará se investe, ou não, nesta alternativa de transporte coletivo mais sustentável. Caso opte pela troca da frota, os ônibus-teste serão recolhidos e novos veículos entrarão para a frota da Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL), empresa responsável pela cobertura das zonas norte, oeste e leste de Londrina.

As quatro linhas nas quais os ônibus Scania serão testados “não vão dar mole”, segundo Marco Antônio, instrutor da TCGL, e colaborador da empresa há 23 anos. Ele conta à Revista Carga Pesada que “são linhas pesadas, com grande fluxo de passageiros e horário bem apertado. Mas tudo na conformidade. Se os outros ‘carros’ fazem, ele vai ter que fazer também”.

Segundo o instrutor, todas foram selecionadas de acordo com os desafios que oferecem. As linhas 904 e 803 vão da região norte à sul, sendo esta última com percurso mais intenso de trânsito. A linha 501 liga a zona norte ao terminal central e a 314 é uma linha de bairro. “Vai lá para o bairro mesmo, atender o pessoal e mostrar o ônibus”.

Para quem não conhece Londrina, vale destacar que as linhas citadas são as de percurso mais longo, enfrentando todo o tipo de adversidades e condições nos trajetos.

Cilindros de gás natural
Apresentação do ônibus movido a biometano, na Prefeitura de Londrina

Treinamento via P.B. Lopes Scania

Sérgio Gonçalves, master driver da P.B. Lopes, concessionária Scania em Londrina, realizou esta primeira demonstração e deve treinar os quatro motoristas responsáveis pelo teste. A condução, de modo geral, não muda dos veículos a diesel para os movidos a biometano. No entanto, há a preocupação da montadora, relativa a uma direção que respeite o motor e torque.

A manutenção destes ônibus, inclusive, será realizada pela concessionária. O abastecimento, no entanto, deve ser viabilizado em parceria com a Compagas, a qual possui um posto de abastecimento na cidade.

O trabalho da P.B. Lopes será ativo e, para além do treinamento oferecido, acompanhará toda a operação, analisando os resultados das planilhas, preenchidas pelos motoristas com dados sobre quilometragem, horário de abastecimento, temperatura, entre outros. O veículo possui nanômetro, mas também é possível aferir pela telemetria, conflitando os dados.

A temperatura, inclusive, interfere na velocidade do abastecimento. Em dias quentes, o gás se expande mais, portanto, dias frios agilizam o abastecimento dos 08 cilindros de GNV.

Segurança

Segundo Paulo Genezini, gerente de Sustentabilidade da Scania, os cilindros têm espessura de parede de sete milímetros. Além disso, sua construção, projetada na Europa, se assemelha muito à tecnologia embarcada na montagem de mísseis. Cada um dos oito cilindros possui três válvulas, as quais monitoram pressão, temperatura e vazão. Caso algo dê errado, o gás natural será liberado para a atmosfera, e, como ele é mais leve que o ar, deve sair sem o risco de causar problemas ou explosões.

Outra curiosidade é a de que os cilindros são adaptáveis, podendo ser alocados até mesmo no teto do veículo. Segundo esclarecimentos de Genezini, eles são inspecionados, por lei, pelo InMetro e seu peso, ao final das contas, não difere muito dos veículos movidos a diesel.

Paulo Genezini, gerente de Sustentabilidade da Scania Operações Comerciais Brasil

Tecnologia viável

A Compagas já promoveu testes em Curitiba, com o gás natural, tanto em caminhões quanto em ônibus, e pensa em expandir os seus negócios e reposicionar a empresa. “Nós entendemos que era hora de introduzir energia renovável no nosso mix”, afirma o CEO Rafael Lamastra Jr. Ele completa: “o gás natural já reduz entre 20 e 25% a emissão de gases danosos, e com o biometano, essa redução chega a 90%. No caso desse gás, ele completa o círculo perfeito, porque ele é oriundo da produção de cana de açúcar, ou seja, totalmente sustentável. É um projeto perfeito, do ponto de vista ambiental. E é mais uma etapa que a Compagas consegue cumprir em seu cronograma de reposicionamento”.

Rafael Lamastra Jr, CEO da Compagas

Paulo Genezini afirma que esta tecnologia, do uso de biometano, apresenta viabilidade em termos de desempenho e sustentabilidade financeira, algo que o gestor adianta que este teste em Londrina vai demonstrar. “Funciona com o gás natural, que é um combustível fóssil muito mais limpo que o diesel e o biometano, 100% livre de fóssil, é o mundo ideal em relação ao efeito estufa”, expôs.

José Henrique de Souza Gomes, diretor da concessionária P.B. Lopes

José Henrique de Souza Gomes, diretor da P.B. Lopes, afirmou, na solenidade, que “a sustentabilidade, reciclagem e a inovação tecnológica desenvolvidas pela Scania trarão a Londrina e região uma qualidade de vida melhor”. Ele prossegue: “é isso que buscamos junto à Scania e ao poder público nesse momento.”

Especificações do veículo

O modelo que estará em circulação pelas ruas de Londrina é um K 280 4×2, cujo propulsor tem 280 cavalos de potência. Seu motor é Ciclo Otto e ele pode ser movido 100% a gás, biometano ou com a mistura de ambos. De Curitiba a Londrina, a média, calculada por Sérgio Gonçalves, o master driver da P.B. Lopes, foi de 5.10 quilômetros por metro cúbico.

Acompanhe, no vídeo, mais informações sobre o veículo, o itinerário deste mês de testes, questões de segurança e desempenho do ônibus 100% movido a biometano em Londrina:

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