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Paula Toco, “filha de peixe”

DAF - Oportunidade 2024
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Nelson Bortolin

Paula Vazarine Lopes bem que tentou seguir caminhos diferentes do pai. Estudou marketing e chegou a trabalhar numa multinacional. Mas a estrada a chamou. Há quatro anos, ela entrou na faculdade de jornalismo e hoje, antes mesmo de se formar, já é a Paula Toco, repórter do Programa Pé na Estrada, comandado por Pedro Trucão – seu pai.

“Jornalismo é mais a minha praia”, afirma Paula. E o mundo do transporte também sempre foi muito familiar para ela. “Quando tinha cinco anos, eu ia para a rádio para atender o telefone para o meu pai. Também sempre estive nas festas de Aparecida com ele.”

A primeira vez que saiu sem o pai para fazer reportagem nas estradas foi em 2009. O assunto era o rebite. No início, Paula pensou que seria difícil realizar o trabalho, pelo fato de ser mulher. “Achei que não iam me respeitar. Mas aconteceu o contrário: os caminhoneiros é que tomam cuidado para não parecerem desrespeitosos comigo”, conta.

Na faculdade, o trabalho de conclusão de curso que ela está fazendo trata dos maiores problemas do transporte rodoviário de carga. “Estou verificando o impacto que a falta de motorista tem na economia, na sobrecarga de trabalho dos profissionais e nos riscos de acidentes”, explica.

Ela já tirou algumas conclusões sobre as causas da escassez de mão de obra estradeira. “Antigamente, era mais fácil entrar na profissão e até mesmo comprar caminhão. E era difícil de sair, porque geralmente o caminhoneiro não sabia fazer outra coisa e não tinha estudo.” Hoje é o contrário. “É muito mais difícil de entrar porque o preço do caminhão subiu muito, as empresas exigem capacitação, não dão emprego para quem não tem experiência. E é mais fácil arrumar outro trabalho em setores da economia que pagam o mesmo salário.”

Paula Toco acredita que a profissão tem de ser mais valorizada pela sociedade. Mas o motorista também precisa se dar valor. “Na estrada, é ele o profissional e tem de dar exemplo. O caminhoneiro muitas vezes é visto com maus olhos pela forma que conduz o veículo.”

E termina com esta comparação: “O médico não pode dar o remédio errado para o paciente. O motorista também não pode errar ao volante. Esse é o jeito de fazer a sociedade mudar a visão sobre ele”.

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