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Ponta Grossa: o entroncamento escolhido pela Paccar

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Isto é que é vocação antiga: 200 anos atrás, no início do século 18, a região onde hoje está Ponta Grossa, no Paraná, era um importante ponto de parada na rota utilizada pelos tropeiros, que levavam gado e muares do Rio Grande do Sul para São Paulo. Passado esse tempo, Ponta Grossa transformou-se no entroncamento rodoferroviário que é considerado o mais importante do Sul do País.

A cidade consolidou-se como polo logístico e de serviços voltados para o setor de transporte de cargas. “Ponta Grossa tem a seu favor uma tradição transformada em estrutura. E isso transparece nos investimentos, na formação e na própria dinâmica da cidade e de sua gente”, comenta o prefeito Pedro Wosgrau Filho.
Por Ponta Grossa passam as rodovias BR-376, que faz ligação com o Norte do Paraná e com Curitiba, e BR-373, que um pouco adiante alcança a BR-277, caminho para Foz do Iguaçu e o Mercosul. Ali pertinho também está a BR-153, Transbrasiliana, rodovia que leva ao Sul e ao Norte do País, e por outra saída, pela PR-151, se vai de Ponta Grossa para o Estado de São Paulo, passando por Itararé.
Para completar o potencial de escoamento e recebimento de cargas, fica em Ponta Grossa o entroncamento ferroviário da América Latina Logística – Malha Sul. A ALL tem no município 180 km de linha férrea e dois pátios de manobras: Desvio Ribas e Uvaranas. Estes terminais recebem trens de diversas regiões, fazendo ligação com São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Argentina e outras regiões do Paraná. Os principais produtos transportados são etanol, açúcar, farelos, milho, papel, óleos vegetais, fertilizantes e cimento. Em 2010, o movimento nos dois pátios chegou a 1,475 milhão de toneladas úteis.
A presença destes entroncamentos e sua proximidade com Curitiba (120 km) e com os portos de Paranaguá e Antonina (200 km), foram fatores determinantes para que a fabricante de caminhões Paccar – a segunda maior dos Estados Unidos – escolhesse Ponta Grossa para instalar uma unidade no Brasil. São dela os veículos das marcas DAF, Kenworth e Peterbilt.
No dia 15 de setembro passado, quando a cidade completou 188 anos, o governo do Paraná assinou o protocolo de intenções para a instalação de uma fábrica que vai exigir investimentos de R$ 342 milhões e criará 500 empregos diretos.
A expectativa do grupo norte-americano é iniciar a produção de caminhões da marca DAF em abril de 2013, com a montagem de caminhões nos modelos LF (leves de 7,5 a 21 toneladas), CF (médios) e XF (pesados e extrapesados).
Segundo informações da Agência Estadual de Notícias do Paraná, a vinda da Paccar para o Estado foi possível graças à concessão de incentivos fiscais pelo Programa Paraná Competitivo e ao apoio da prefeitura de Ponta Grossa. O prefeito Wosgrau Filho afirma que, além de benefícios fiscais, o município ofereceu suporte na qualificação dos trabalhadores de todas as linhas. “Acreditamos que tão importante quanto a localização estratégica, a política de qualificação e preparo da mão de obra de nossos trabalhadores tenha sido decisiva para atrair a Paccar/DAF, além das outras empresas que estão se instalando em Ponta Grossa”, comentou.
O secretário municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional, João Luiz Kovaleski, que também é coordenador do curso de Mestrado de Engenharia da Produção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), diz que a presença de universidades públicas e privadas e cursos técnicos oferecidos pelo Senai e Senac garantiu essa mão de obra qualificada. “Ponta Grossa já é o segundo polo metalmecânico do Paraná e o carro-chefe da formação de engenheiros pela UTFPR é voltado para este setor”, comenta.
O simples anúncio da chegada da Paccar/DAF já provocou impacto na economia do município. O prefeito afirma que sua equipe está agora trabalhando para confirmar a atração de várias empresas fornecedoras da Paccar/DAF ou que pretendam se tornar fornecedoras. “Também estamos recebendo negociadores de outras cadeias produtivas que, a partir do exemplo da Paccar/DAF, encontram em Ponta Grossa um ambiente propício para expandir suas atividades e realinhar seus programas de produção”, diz.
Kovaleski observa que o reflexo é perceptível no comércio, com a chegada de novas redes varejistas e com a ampliação dos hotéis. “A vinda da Paccar vai causar o mesmo impacto que a Volvo causou em Curitiba há 40 anos”, acredita. Ele estima que o PIB do município pode dobrar em apenas cinco anos com a presença da fábrica. “Nosso PIB é de R$ 4,7 bilhões por ano. Esse é o valor que a Paccar acredita que suas vendas somarão num período de cinco anos”, informa.

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