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Suspeitos de fraude no Sest/Senat são presos em operação policial

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FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO/ UOL

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta sexta-feira (19) a Operação São Cristovão, que investiga suposto esquema de desvio de ao menos R$ 20 milhões do Sest (Serviço Social do Transporte) e do Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), entidades sem fins lucrativos de apoio a trabalhadores do setor de transportes.

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O ex-presidente da CNT – Confederação Nacional do Transporte – e ex-senador pelo PMDB mineiro Clésio Andrade

Em segredo de justiça, a investigação –feita em parceria com o Ministério Público do DF, de Minas Gerais e da CGU (Controladoria-Geral da União)– prendeu quatro pessoas e realizou a condução coercitiva de outros 24 envolvidos, alem de 21 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em Minas Gerais. Um quinto envolvido teve a prisão temporária decretada, mas não foi encontrado.

CLÉSIO ANDRADE – Entre os suspeitos de envolvimento no desvio de verbas do Sest/Senat, está o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG), vice do presidenciável Aécio Neves no primeiro mandato do governo do tucano em Minas Gerais, entre 2003 e 2006. Clésio atualmente apoia o governo Dilma Rousseff.

“Existe uma clara divisão de tarefas [no esquema]e, ao que tudo indica, comandada por um ex-senador da República”, afirmou no final da manhã desta sexta Luiz Fernando Costa de Araújo, chefe adjunto da Deco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado).

O delegado chefe da Deco, Fábio Santos de Souza, explicou que “há suspeita de sua participação no esquema veio quando analisamos documento encaminhado por ele à polícia para justificar as gratificações pagas a dirigentes e empregados”. “Temos informações que esse ato normativo foi fraudado, fabricado para tentar justificar aos órgãos de controle essas gratificações. Há uma probabilidade de sua participação pelo cargo que ocupava”, disse. A Folha não conseguiu contato com o advogado de Clésio.

O ex-senador também é acusado de participar do mensalão tucano. Ex-sócio da SMPB e do publicitário Marcos Valério, ele responde pelos crimes de peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro em desvio de verbas de publicidade para o financiamento da campanha de Eduardo Azeredo, de quem foi candidato a vice em 1998. Acabaram derrotados no pleito.

Alegando problemas de saúde, Clésio renunciou ao mandato de senador em julho deste ano, o que gerou o envio do seu processo para a primeira instância em Minas.

O nome de Clésio aparece na lista de alvos que deverão ser conduzidos coercitivamente para prestar depoimentos no caso Sest/Senat nesta sexta. Em Minas, estão em andamento dois mandados de busca e apreensão, um deles na casa do ex-senador. Policias e integrantes do Ministério Público já estão no local, mas ainda não o encontraram.

Segundo a polícia, a mulher de Clésio informou que ele está em viagem ao interior do Estado. Se não for encontrado, os investigadores podem pedir a prisão temporária. O resto do cumprimento das decisões judiciais está acontecendo em Brasília.

INVESTIGAÇÃO – Segundo a investigação a qual o jornal Folha de São Paulo teve acesso, os envolvidos são acusados de peculato, lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Os desvios milionários aconteciam, de acordo com a polícia, após a contratação de prestadores de “serviço de fachada”, ligados a parentes dos investigados.

As suspeitas são de que o esquema acontece há ao menos cinco anos. Todavia, os investigadores apontam o desvio de R$ 20 milhões entre os anos de 2012 e 2013. Apenas nos primeiros meses de 2012 uma das investigadas sacou R$ 4,5 milhões em espécie.

Nas investigações, a CGU (Controladoria-Geral da União) apontou 23 funcionários do Sest e Senat que apresentaram, em 2012, remuneração anual acima de R$ 300 mil, valores considerados superiores aos das remunerações das entidades.

Entre os exemplos desses casos estão quatro presos em Brasília – um ex-funcionário e três integrantes do Sest/Senat: Maria Pantoja, diretora executiva do sistema entre 1993 e 2013, Jardel Soares, coordenadora de contabilidade, Anamary Socha, assessora especial da diretoria executiva, e Ilmara Chaves, coordenadora de administração. Segundo a Polícia, Pantoja recebia em torno de R$ 26 mil para atuar no Sest e R$ 26 mil no Senat.

A CGU também apontou pagamentos milionários para trabalhadores autônomos, alguns deles parentes dos investigados. Segundo os investigadores, entre os beneficiados estão um lava a jato, que recebeu R$ 2 milhões, e um prestador de serviço de ornamentação de plantas com pagamentos de mais de R$ 1 milhão. Na casa de um dos prestadores foram encontrados R$ 160 mil. Foram apreendidos 16 carros, alguns deles de luxo.

As investigações apontam ainda a abertura de um fundo de previdência de um investigado em 2011, com R$ 400 mil vindo de uma conta do Sest.

O Sest e o Senat foram criados em 1993 para apoiar trabalhadores do setor de transporte com ações nas áreas de saúde, cultura, treinamentos e formação. Desde então, são administradas pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), comandada por Clésio até abril deste ano.

O sistema S mantém-se com recursos de contribuições fiscais compulsórias das empresas. Segundo a CGU, o orçamento chega a R$ 1 bilhão.

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