Scania Fenatran
VWCO Fenatran

Vida do caminhoneiro é tema de trabalho de jornalista

DAF - Oportunidade 2024
Pinterest LinkedIn Tumblr +

 

 

Nelson Bortolin

Revista Carga Pesada

 

 

Inspirada nas histórias contadas por primos caminhoneiros e também por colegas de trabalho do G10, maior grupo de transporte graneleiro do País, a jovem Mariana Kateivas decidiu fazer da profissão de caminhoneiro o tema do seu trabalho de conclusão de curso de jornalismo. Ela se formou nesta quinta-feira (4), na Unicesumar, em Maringá. revista-carga-pesada-tcc-mariana-kateivas-g10-fotodocumentário (9)

Entre os dias 7 e 15 de julho do ano passado, Mariana viajou por rodovias do Paraná, Mato Grosso e Santa Catarina, quando registrou belíssimas imagens para o trabalho “(Vi)vendo na boleia: um fotodocumentário sobre a vida de caminhoneiro” (ver abaixo). A bordo do caminhão dirigido pela motorista Viviane Gonçalves, de 37 anos, ela conheceu a vida na estrada. Num outro caminhão, viajou Márcio Roque, 37 anos, marido de Viviane. “Saímos de Maringá e fomos carregar o caminhão, com milho, em Diamantino (MT). O descarregamento foi no porto de São Francisco do Sul (SC). Carregamos novamente, com adubo, no porto de Paranaguá”, conta a jovem que hoje ocupa o cargo de analista de comunicação do G10.

Os perigos do trânsito, a falta de estrutura para atender os caminhoneiros nas rodovias e a demora para carregamento e descarregamento foram os três aspectos que mais impressionaram Mariana durante a viagem. “Confesso que no trecho de Rondonópolis até Cuiabá fiquei com bastante medo”, conta ela se referindo às imprudências de motoristas, à falta de acostamento na pista e também aos buracos. “Vários caminhoneiros faziam ultrapassagens bastante arriscadas e corriam muito”, ressalta.

Mariana Kateivas

Mariana Kateivas

A jovem ficou indignada com as condições dos banheiros das paradas que visitou. “Alguns postos não tinham chuveiros para o motorista tomar banho, outros não tinham água quente e, em um dos banheiros que fomos, o banho frio custava cinco reais para cinco minutos cronometrados e o quente, oito reais para cinco minutos cronometrados”, conta. Em outro posto, ela descobriu que só podia usar o banheiro quem abastecesse pelo menos 200 litros de diesel. “Na hora de dormir também era complicado, pois era preciso achar um lugar seguro para passarmos a noite”, diz a jovem.

Apesar de trabalhar numa transportadora, a jornalista não imaginava que um carregamento ou descarregamento poderia demorar até uma semana. “Na ida, quando fomos carregar em Diamantino, ficamos dois dias em uma fazenda esperando o carregamento. Durante esse tempo não há o que fazer”, relata. Na hora de descarregar no porto, a espera foi de um dia.  “Mas lá foi pior, pois na fazenda você consegue ter uma noção de quando será chamado e no porto o motorista não consegue saber. Não sabe se dará tempo de ir tomar banho, preparar a comida ou tirar um cochilo. Como o porto funciona 24 horas, às vezes, chamam pelo motorista em algumas horas ou depois de um dia”, explica.revista-carga-pesada-tcc-mariana-kateivas-g10-fotodocumentário (1)

Em Paranaguá, a jovem ficou assustada com a presença dos usuários de drogas. “Desde quando chegamos à cidade, a Viviane pediu para que eu guardasse a câmera, pois o risco de assalto na cabine era grande. Ela também pediu para que eu ficasse atenta aos retrovisores, para ver se não vinha alguém que pudesse nos assaltar”, conta. A situação ficou tensa, segundo ela, na saída do porto já com o caminhão carregado. “Os dependentes químicos pediam dinheiro aos motoristas. Se não dessem, eles puxariam a bica debaixo do caminhão, para que a carga caísse”, ressalta.

Além da viagem, a jornalista fez uma pesquisa para seu trabalho. Um dos dados que chamaram sua atenção foi de que, com 17.590 ocorrências em 2013, o transporte rodoviário de carga foi o quinto segmento com mais acidentes de trabalho. Os mortos em acidentes de trânsito naquele ano, 43.452, também foram registrados no trabalho de Mariana.revista-carga-pesada-tcc-mariana-kateivas-g10-fotodocumentário (3)

Entre os dias 19 de fevereiro e 8 de março, a jornalista fará uma exposição das fotos tiradas nas estradas. Será no espaço cultural do Shopping Avenida Center, em Maringá. A entrada é gratuita. Em seu trabalho de conclusão de curso e na exposição, Mariana conta com o apoio do G10, da Secretaria de Turismo de Maringá e da Empresa Fotográfica Excelsior.

Moreflex
Compartilhar
Scania_DreamLine
Truckscontrol

4 Comentários

  1. Parabens pelo trabalho, sucesso em sua nova empreitada de jornalista, ate que enfim uma pessoa sensata faz uma reportagem da realidade do caminhoneiro, parabens pelo casal de motorista do G 10, pela oportunidade dada a jovem formada em jornalismo para que fosse realizada a reportagem, precisamos de outras pessoas como essa jovem que relate realmente a realidade da vida do caminhoneiro(a), ok valeu tem meu apoio fica com DEUS e sucesso na sua profisao.

  2. Cara jornalista Mariana, parabéns pela matéria produzida sobre transportes sobre rodas no brasil.
    Infelizmente, num pais onde só se pensa em corrupção, levar vantagens como é em todos os setores e segmentos. Onde o imposto cobrado e arrecadado em cada segmento de trabalho, e desviado p/ outros setores que nem impostos pagam, e desviado também p/ fins de enriquecimento não licito politico.
    Existe também dentro da vida do caminhoneiro segmentos, como:
    carretas baus secas e frigorifica, caçambas cargas secas, etc, segmentos estes que sofrem tanto quanto os graneleiros. Muda o nome , mas não muda o tipo de problema, as vezes até piora mais.
    Nos caminhoneiros sofremos muito com distancia, demora cargas e descargas, variação de fretes e climas locais, comidas etc. Fazemos o que aprendemos e gostamos, mas as cargas tributária e o preço do diesel, nos faz sofrer ainda mais. Este partido politico não quer ver ninguém bem em seus segmentos de trabalho, quer dominar e nós colocarmos como escravos p/ eles, “aliou-se a cuba, não precisa dizer mais nada”. Espero , quando este domínio politico acabar vc possa fazer uma matéria mais alegre desta minha profissão também já com 35 anos tão sofrida como vc mostrou e que já houve tempos melhores!

  3. Prezada Mariana Kateivas!

    Gostaria de parabenizá-la pelo seu documentário. Fui caminhoneiro e carreteiro durante muitos anos, hoje estou com 47 anos e as vezes viajo com o caminhão da minha empresa. Fui praticamente obrigado a parar de viajar devido as precárias condições encontradas no cotidiano dos profissionais do volante e também porquê tinha o desejo de continuar meus estudos. Conclui o curso superior de administração no ano de 2012 e agora faço Pós Graduação em Logística Finanças e Controladoria. Com você pode perceber, gosto muito da matéria e pretendo ao concluir minha Pós estudar um meio de poder melhorar a vida de quem está constantemente nas estradas. Um grande abraço e meus parabéns!

Leave A Reply