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Frete de grãos tem queda de até 40%

DAF - Oportunidade 2024
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O fim das filas nos portos, com a redução da prática de transformar caminhões em armazéns sobre rodas, foi uma das causas. Existem outras. O fato é que muitas transportadoras encontram-se em dificuldades financeiras com a nova situação

Guto Rocha

A estratégia adotada para reduzir filas nos portos e os incentivos para renovação da frota de caminhões acabaram refletindo negativamente nos preços do frete. Já há quem fale que o setor de transporte vive uma crise por conta da queda dos preços pagos para o transporte de grãos, que estão em média 30% mais baixos do que os praticados durante o pico da safra deste ano, chegando a 40% em algumas regiões de Mato Grosso.

O diretor-presidente do grupo G10, de Maringá (PR), Claudio Adamuccio, afirma que, se por um lado a implantação do sistema de agendamento reduziu as filas de descarga nos portos, a solução acabou criando outro problema. “Até o ano passado, os caminhões eram utilizados como armazéns enquanto aguardavam na fila do porto. Agora estão parados, vazios, esperando uma oportunidade para serem carregados, ampliando a oferta de caminhões”, observa.

Para o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Mato Grosso (SindMat), Cláudio Rigatti, além do excesso de caminhões disponíveis para o transporte da safra, o mercado de frete vive um reflexo da longa espera nos portos no ano passado. “O atraso nos embarques de grãos provocado pelas filas na última safra fez com que muitos importadores asiáticos cancelassem vários pedidos do Brasil neste ano”, afirma.

Outro fator relacionado ao mercado de grãos que afeta os preços do frete, segundo Rigatti, é a queda da cotação do milho. Segundo o diretor do sindicato mato-grossense, os produtores estão segurando as vendas do grão porque os preços de exportação estão muito abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo federal. A saca está cotada a R$ 8, enquanto o preço de garantia é de R$ 13. “Então o produtor está esperando o governo realizar leilões de compra para voltar a vender o milho, e isso reduz a procura por transporte”, observa.

As facilidades criadas pelo governo federal para a compra de caminhões estão entre os fatores que provocaram queda nos valores dos fretes. O diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso, Miguel Mendes, afirma que as taxas favoráveis do Procaminhoneiro, Finame e a redução do IPI acabaram motivando muita gente a comprar caminhão. “Mesmo quem não era do ramo, profissionais liberais como médicos e advogados investiram na compra de caminhões. Isso ampliou a oferta de transporte de grãos”, explica.

Mendes observa que a queda nos valores do frete foi maior porque ampliou-se a participação do transporte ferroviário no transporte da safra. “Tínhamos uma grande demanda por caminhões da região de Sorriso, Lucas do Rio Verde, para o Terminal do Araguaia, trecho que agora está sendo feito por trem”, afirma.

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Serviço garantido para caminhão, na estrada, se veem menos caminhões porque mais carga está indo de trem

“Há três meses que estamos trabalhando praticamente no vermelho”, afirma do diretor do SindMat, Cláudio Rigatti. Segundo ele, o frete em distâncias curtas, em Mato Grosso, caiu quase 40%. “O frete, que durante a colheita estava a R$ 106 a tonelada para o trecho entre Sorriso e o Terminal Ferroviário de Rondonópolis, agora está a R$ 66”, afirma. Já de Sorriso (MT) ao Porto de Santos, o frete, que atingiu R$ 320 no auge da safra, agora está em R$ 230.

Adamuccio, do G10, também diz que os transportadores estão trabalhando no prejuízo. “O transportador tem um custo fixo de 35%. Se ele parar, perde 35%. Rodando com estes fretes, a perda é menor, mas ainda é perda, de 8%, sendo que antes havia lucro de 10% a 12%”, esclarece. O empresário observa ainda que, como resultado da queda no valor do frete, as vendas de caminhões estão paralisadas. “Os transportadores que fizeram grandes aquisições no ano passado estão se tornando inadimplentes”, afirma.

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Mendes diz que a situação não é diferente no Mato Grosso. Segundo ele, por causa da queda da produtividade dos veículos e da receita das transportadoras, muitas empresas estão em dificuldades.

“Estamos negociando com o BNDES para tentar uma prorrogação dos financiamentos via Finame. Algumas empresas já entraram com pedido de recuperação judicial e outras estão com dificuldades para honrar a folha de pagamento de seus funcionários”, afirma o executivo.

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