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Fábrica no Brasil é a grande novidade da DAF

DAF - Oportunidade 2024
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Já estão saindo da linha de montagem de Ponta Grossa (PR) os extrapesados XF 105, primeiro caminhão feito fora da Europa pela empresa holandesa

Luciano Alves Pereira

Entrar agora no mercado brasileiro de caminhões depende de muito jeito, diz Zé Leutério, caminhoneiro de Córrego da Figuinha, interior de Minas. A imensidão do País cobra grandes esforços de capital humano e financeiro – e exige tempo para produzir efeitos. Ainda assim, o fabricante precisa se decidir pela via do preço ‘mais em conta’ ou da oferta de tecnologia superior. A DAF Brasil fez escolha pela segunda opção.

Mas, peraí, quem é essa DAF? É uma montadora de caminhões e chassis de ônibus, sediada em Eindhoven, na Holanda. Completa 85 anos em 2013. Com tanta estrada percorrida, deu suas capotadas. Fundada pelos irmãos Van Doorne, constitui-se como Van Doorne Aanhagwagen-Fabrik, daí a sigla DAF. Produziu semirreboques, automóveis e, finalmente, caminhões. Sempre teve forte presença na Inglaterra; em 1987, adquiriu o controle da Leiland local, também cheia de histórias. Porém, pouco depois o mercado da ilha virou bagaço e a empresa holandesa foi à ruína. A Paccar americana se interessou pelo honroso legado da marca e adquiriu-lhe o controle, em 1996.

Paccar? Mais uma desconhecida por aqui. Norte-americana com sede em Seattle, detém duas famosas marcas de caminhões: a Kenworth e a Peterbilt. A Kenworth completou 90 anos em 2013. Seus fundadores Harry W. Kent e Edgard K. Worthington adotaram cedo um slogan que dispensa a modéstia: World’s Best Trucks (melhores caminhões do mundo).

NO PARANÁ − A DAF sempre quis vir para o Brasil. Em 1985, Henry Hymans, enviado pela Revista Veículo (1971-2006), esteve em Eindhoven e ouviu dos executivos o quanto eles gostariam de vir “fazer negócio com os estradeiros brasileiros”. Em 1995, foi a Kenworth que tentou. Até que, finalmente, as intenções e os esforços frutificaram: a DAF acaba de inaugurar (dia 2 de outubro) sua fábrica em Ponta Grossa (PR). Mark Pigott, chairman e CEO, e Ron Armstrong, presidente do Grupo Paccar, estavam presentes. Como dono da casa, Marco Davila, presidente da DAF Brasil, recebeu os convidados e os guiou pela planta de 31 mil m², erguida numa ‘fazenda’ de 2,3 milhões de m², de frente para a PR-151.

Marco Davila, presidente da DAF Brasil, Marcelo Rangel, prefeito de Ponta Grossa, o governador do Paraná Beto Richa e Mark Pigott, presidente da Paccar

O cronograma da obra foi cumprido. Houve até antecipação de 12 dias na saída da primeira unidade DAF XF 105, cavalo-mecânico 6×2, da linha de montagem.

A Via Trucks é uma das 20 concessionárias da marca a abrirem o campo no mercado brasileiro. Suas instalações ficarão na rodovia Fernão Dias, km 479, junto ao Posto Estradão (desativado), em Contagem (MG). Não foi informado quanto será investido no negócio, mas a DAF confirma que desembolsou US$ 320 milhões no Paraná e conta com capacidade para 10 mil unidades por ano.

Bob Cristensen, vice-presidente executivo e CFO da Paccar, diz que os planos da DAF miram a “conquista de 10% do segmento de pesados, nos próximos cinco anos”. Um baita desafio, mesmo para quem tem 15,8% do mercado europeu de cavalos-mecânicos acima de 16 t de PBT.

Inicialmente cabe ao modelo XF 105 alcançar o índice de nacionalização para ser financiado pelo Finame (BNDES). O produto será ofertado nas trações 6×2 e 6×4, com motor MX Euro 5, de 12,9 litros, liberando potências máximas de 410, 460 e 510 cv. Já os torques máximos empatam com 2.000, 2.300 e 2.500 Nm, respectivamente. Tais especificações manifestam-se entre os baixos giros de 1.000/min. e 1.410/min.

O engenho dispõe de injeção Smart (unidades injetoras), freio-motor de alívio no cabeçote, tudo tocado pela tecnologia SCR, que requer o Arla 32. A transmissão prevê câmbios ZF manual ou automatizado (AS-Tronic), e os eixos traseiros vêm da Meritor. Cabine clássica, painel idem. Chama a atenção a inovação do DAF com a Night Lock (trava noturna): uma tramela em forma de pino de aço temperado que é acionada da parede lateral da cabine e corre para dentro do descansa-braço da porta.

Para a DAF Brasil, o jogo já começou. A empresa diz que seu extrapesado integra o selecionado reino dos caminhões Premium (um termo usado nos EUA), onde prevalece o jeito próprio de ‘tocar a coisa’. Deve ser o tal jeito do Zé Leutério, citado no início deste texto.

Testado e aprovado

Os caminhões XF 105 que a DAF começa a montar no Brasil já vêm sendo testados por frotistas brasileiros há mais de um ano.

Num depoimento em vídeo, apresentado no lançamento do caminhão, em setembro, em São Paulo, Fausto Martelli, da Martelli Transportes, especializada em grãos, disse que “não esperava tanto” do veículo. “Considero que este modelo está à frente de algumas marcas bastante conhecidas no Brasil.” Um motorista da empresa também faz elogios: “A posição do volante é boa. O assento também, a cama é mais larga, e ele é muito silencioso”.

Segundo a DAF, a cabine do XF 105 é a mais espaçosa do segmento. Felix Hendriks, diretor de Desenvolvimento de Produto, explicou que o XF 105 brasileiro passou por adaptações na cabine e no chassi, “para atender necessidades legais, as especificidades das aplicações brasileiras e o conteúdo local para financiamento pelo BNDES”. A DAF tem 40 fornecedores instalados no País.

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