SETEMBRO DE 2010
Perto de completar 80 anos, a Picorelli Transportes, de Juiz de Fora (MG), pode ter fincado a estaca do km zero do TRC como ramo de negócios.
LUCIANO ALVES PEREIRA
O dia 17 de setembro é dedicado ao Transportador Rodoviário de Carga. Em 2010, o setor vive fase de incomum crescimento. O presidente do Sindicato das Transportadoras de Minas Gerais, Ulisses Martins Cruz, garante que, desta vez, não se trata de bolha: “O TRC ganhou um novo patamar”. Palavras avalizadas por pesquisa em que 58% dos empresários de carga disseram ter alcançado o faturamento do período pré-crise econômica de 2008. As vendas de caminhões com mais de 6 toneladas no atacado confirmam: subiram 64% nos primeiros oito meses de 2010, em relação a igual período de 2009.
Esse ambiente inédito também traz oportunidade de um olhar no retrovisor. Aproveitando a data e a euforia, pergunta-se à História: quando surgiu o TRC no Brasil? Quase nada se sabe sobre isso. Mas o estudo pode começar em Minas. Têm-se as confiáveis anotações da Picorelli Transportes, de Juiz de Fora, datadas de 1931. Que se manifeste quem souber de outro mais antigo.
Para puxar couro do Curtume Krambeck e dos tecidos da Bernardo Mascarenhas, empresas locais, era preciso contar as com estradas de rodagem em 1931. Os caminhões, muitas vezes também com sacas de café, seguiam para o Rio – rumo à exportação – valendo-se da bem encascalhada estrada União & Indústria, até Petrópolis. Esta via histórica fará 150 anos também no ano que vem. A Picorelli usava ainda a ligação Rio-Petrópolis, concluída por Washington Luiz, em 1928. Curioso: os trens da Central do Brasil e da Estrada de Ferro Leopoldina perdiam para a Picorelli no preço do frete… Na opinião do José Moreira, um dos fundadores de Minas-Goiás, de Belo Horizonte, “a fuga de clientes dos trens se deveu à operação desmazelada do negócio por ferroviários, então recém-chegados à condição de funcionários públicos”.
Quanto aos precoces pioneiros do ramo − os irmãos Roque e Galileu Picorelli −, consta que eles fundaram primeiro o Rodoviário Camerino, em 1931, passando a Picorelli & Cia. Ltda., em 1936, já sem Roque. Galileu se encarregou de expandir a empresa, que tinha filial apenas no Rio, abrindo as de São Paulo (1957) e Belo Horizonte (1960). Sem abandonar o pátio da carga fracionada, a Picorelli Transportes de hoje está sob o comando de José Antônio de Assis (genro de Galileu) e Alexandre Picorelli Assis, seu filho, e mantém atuação no tripé MG, SP e RJ.
