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RODOVIAS: Concessões não têm olhos no futuro

DAF - Oportunidade 2024
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SETEMBRO DE 2010

Contratos de rodovias pedagiadas são vagos em relação a necessidades futuras. Por exemplo: não falam em estacionamentos.

Luciano Alves Pereira

No final de setembro, a Prefeitura de Betim, na Grande Belo Horizonte, destrancou a autorização do IBAMA para a construção da primeira etapa da Alça Viária da cidade – uma curta variante à Fernão Dias, com 9,7 km de contorno pelo sul, em pista dupla.

Dez entre dez pessoas do ramo na região acham que a alça não é prioritária e qualificam a obra (já em andamento) de desperdício de dinheiro. Elas não sabiam que a benfeitoria está prevista no contrato de concessão da Fernão Dias com a OHL Brasil, via recursos do BNDES.

Existem muitos problemas sérios na Fernão Dias. Acessos, correções de geometria, duplicações a serem feitas. O que não existe é um capítulo nos contratos de concessão relativo às novas demandas, as necessidades que estão por vir, e que precisarão ser atendidas. Elas mereceram um estudo por parte do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas, órgão federal), sob o sugestivo título de “Rodovias Brasileiras: Gargalos, Investimentos, Concessões e Preocupações com futuro”. O trabalho toca no nervo exposto dos contratos de concessão de rodovias, e diagnosticou a carência de R$ 183,5 bilhões de investimentos nas estradas brasileiras.

Diz o levantamento que, nos contratos em vigor, consta, sim, o quesito ‘ampliação’, “mas de forma vaga”. É como se a via fosse uma benfeitoria estática.

A propósito, o trabalho do IPEA, apesar de recente, passa longe de um tema urgente. Trata-se dos truckstops ou paradas para pouso, descanso e serviço de caminhoneiros. Quando as restrições ao tempo de direção entrarem em vigor será um problema, porque já hoje são raros e acanhados os locais seguros para o pernoite decente.

Já na Alemanha, o governo entende que o país serve de passagem para o tráfego cargueiro que une as duas pontas da Europa e no ano passado oferecia 350 estacionamentos (Autobahn-Parkpläze), dos quais 200 com abastecimento de combustível e restaurante, informa a Manns Ingenieure, da cidade de Wirges. Os demais têm de ser ampliados porque se detectou um déficit de 14 mil vagas. O de Montabaur, na rodovia A 3, fronteira com a França, ocupa área de 23 mil m², cercada e com vigilância. Já a grade de vagas utiliza 8 mil m² e acolhe 42 carretas simultâneas. Passam naquela estrada 45 mil veículos por dia em cada direção. Do tráfego pesado, 22% são de caminhoneiros de outros países. Quantos desses precisaríamos aqui?

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