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Transportadoras de SP têm 3% de motoristas mulheres

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Segundo o Setcesp, também só 3% das lideranças do setor são do sexo feminino

Nelson Bortolin

As mulheres são 26% da mão de obra das transportadoras paulistas e apenas 3% dos motoristas de caminhões dessas empresas. É o que revela o Índice de Equidade do TRC, medido pelo Instituto Paulista de Transporte de Cargas (IPTC) do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo (Setcesp).

A pesquisa mostra que, naquela região, há mais mulheres caminhoneiras que na média nacional de 1,21%, conforme mostra reportagem da Revista Carga Pesada.

Para buscar a equidade de gênero, o Setcesp criou o Movimento Vez e Voz, que é coordenado pela presidente executiva da entidade, Ana Jarrouge.

Apesar da participação da mão de obra feminina nas empresas de transporte ter aumentado – em 2023 elas eram apenas 14% do total -, nas funções de liderança elas são apenas 3%.

A metodologia do Índice de Equidade do TRC prevê pontuação de 0 a 100. Em 2023, o indicador atingiu 37 pontos e, em 2024, chegou a 40.

Contratar mulheres para afastar risco de apagão

“O nosso movimento visa justamente valorizar as mulheres que já trabalham, ajudar a fomentar o crescimento profissional delas para exercerem funções de liderança. E também buscamos aumentar a contratação de mulheres”, conta Ana Jarrouge.

Ela explica que, no caso das motoristas, não se trata apenas de promover a equidade. É uma necessidade urgente do setor. “Nos próximos anos, vamos ter uma massa muito grande de motoristas se aposentando e temos poucos jovens entrando na profissão, o que pode gerar um apagão de mão de obra”, conta. Estimular mulheres a se tornarem caminhoneiras é uma forma de minimizar esse risco.

Jarrouge chama atenção para o fato de o número de mulheres que estão se habitando com CNH E (para dirigir carreta) e AE (para dirigir moto e carreta) estar aumentando muito mais que a empregabilidade delas na função de motorista. Desde 2021, as CNHs E e AE tiradas por mulheres cresceram 20%, de 23.319 para 28.018 em todo o País. “Embora a gente tenha esse aumento, elas não estão tendo oportunidade de se empregar”, alega.

Ana Jarrouge

Preconceito ainda é a principal barreira

Segundo a coordenadora do Vez e Voz, é preciso vencer algumas barreiras para que haja mais caminhoneiras empregadas. A mais importante é de caráter cultural. “Acho que tem empresas ainda que não estão abertas por terem gestores, vamos dizer assim, muito conservadores, que ainda têm aquele sentimento de que isso (dirigir caminhão) não é coisa para mulher.”

Além dessa questão, de acordo com a presidente executiva do Setcesp, o setor ainda não oferece infraestrutura para atrair as mulheres. “A questão de infraestrutura é um fator limitante para a entrada de mulheres. E a gente está falando não só de infraestrutura interna das próprias empresas, mas infraestrutura externa (nas rodovias).”

Ela cita a falta de banheiros e vestiários femininos, uma das maiores queixas da mulher caminhoneira. “Tem muitas empresas ainda que não tem essa estrutura porque nunca precisou. Não têm uniformes para mulheres.”

Quem contrata gosta bastante

Jarrouge garante que, depois que rompem o preconceito e experimentam contratar mulheres, as empresas gostam muito da experiência. “Todas que têm contratado estão muito satisfeitas. As mulheres no volante resultam num índice menor de manutenção dos veículos, desde, por exemplo, desgaste com pneus, com peças e motores. As mulheres são mais prudentes ao dirigir e também oferecem uma economia de combustível para as empresas.”

Outro fator que pesa em favor das mulheres, segundo Jarrouge, é a boa impressão que elas causam nos clientes. “São mais educadas, solícitas, sabem conversar, têm mais paciência. “

Sobre a diferença salarial de 6% em desfavor das motoristas mulheres, mostrada em outra reportagem da Revista Carga Pesada, ela acredita que isso não ocorre nas transportadoras associadas. “Todo mundo tem de seguir a Convenção Coletiva de Trabalho. É para todo mundo. As empresas não fariam isso porque teriam problemas trabalhistas. Não há relatos nesse sentido”

O Movimento Vez e Voz tem 106 signatários, sendo 74 transportadoras e uma série de entidades.

Abaixo você pode conferir o Índice de Equidade do TRC e uma apresentação sobre o Vez e Voz.

Truckscontrol
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