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A autorização da Volvo para Curitiba faz 40 anos

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Luciano Alves Pereira

Revista Carga Pesada

 

Após 45 anos de exercício de qualquer profissão, também o veterano do rodo-jornalismo acaba por concordar com o título do livro de Roberto Campos, ex-ministro de Planejamento do governo JK, criador do BNDE, hoje, BNDES. ‘Lanternas na poupa’, de fato, iluminam a, digamos, imensidão do rodo-passado. Garimpando nessa longa esteira, aparecem brilhantes de valor para quem acompanhou os rumos de várias iniciativas de outrora. Algumas impossíveis de serem imaginadas no horizonte de quatro décadas atrás.

Não é o caso da Volvo, mas o sucesso sim. Sua oficialização completa 40 anos no próximo 2 de outubro. Sim, foi burocrática a ‘chegada’ em 1976. O então presidente Ernesto Geisel autorizou a instalação de sua fábrica na CIC (Cidade Industrial de Curitiba). Na realidade, foi mais uma imposição. O governo militar se esforçava para desconcentrar São Paulo. Nesse sentido havia até o II Plano Nacional de Desenvolvimento, visando “a correção das disparidades regionais”. Mas a própria Volvo preferiria se fixar em Campinas e já se antecipara, adquirindo terreno anexo ao aeroporto de Viracopos. Hoje a área virou uma das fábricas da Mercedes-Benz.

Como o regime era de pouco diálogo, não coube contestação de monta. Apenas Mário Garnero, então presidente da Sinfavea (sindicato dos produtores de veículos automotores), hoje Anfavea, debateu-se com empenho contra a vinda de mais uma montadora de caminhões e ônibus. Seus argumentos repercutiam longe com a ampla retumbância dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Do lado do Paraná, o BADEP (Banco de Desenvolvimento do Estado do Paraná) não economizava esforços para provar que o mercado comportava mais um fabricante, portanto, “não estava atendido”, como insistia Garnero.

Em 27 de abril do ano seguinte, as determinações de Geisel saíram do papel e ocorreu o lançamento da pedra fundamental da Volvo. Ficava num pasto seco da CIC e em um meio de dia de mormaço, onde não faltou descrença. Haja vista a simplicidade do evento. Mas voltando a outubro de 1976, compensa pinçar as palavras de Luiz Antônio Faet, presidente do BADEP e reproduzidas no Jornal Veículo, de BH (1971-2006): “…o mercado deverá sofrer reciclagem acelerada em busca de equipamentos pesados para o transporte. A utilização distorcida de caminhões médios para o transporte de longo e médio cursos são onerosos para a economia nacional [ele se referia ao histórico MB L-1113, trucado por terceiros], carente dos benefícios cada vez mais retardados das ferrovias”. Faet acertou nas profecias?

 

 

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