Quando era criança, Valentina Amado inspirou a criação de uma personagem da Revista Carguinha; hoje, ela tem 20 anos

A primeira edição da Revista Carguinha
“Eu virava o caminhão de ponta-cabeça”. Essa é uma das principais lembranças que a estudante de medicina veterinária Valentina Amado,20 anos, guarda da infância. O veículo era do avô dela, João Alceu Ferreira Amado, que está na estrada até hoje, aos 64 anos. A história da jovem curitibana se encontrou com a da Revista Carga Pesada, em 2009, quando lançamos a Revista Carguinha, voltada para filhos de caminhoneiros – um projeto patrocinado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO).
É que, antes de lançarmos a Carguinha, fizemos uma campanha para escolher a criança que iria inspirar e batizar a personagem principal. Recebemos muitas cargas de todo o Brasil. E a escolhida foi Valentina, à época com 5 anos. “Meu pai fez uma surpresa, chegou em casa com a Carguinha e contou que ele havia participado (da campanha) e ganhado. E que eu era a homenageada da revista”, recorda.

Valentina e o avô João Alceu Ferreira Amado e a personagem na capa da Revista Carguinha
O pai dela é Luciano Amado, 43 anos, hoje dono da transportadora L.Amado, com sede em Curitiba. “Eu sempre acompanhei a Revista Carga Pesada. Eu não ia para a estrada, mas meu pai e meus tios pegavam a revista nos postos e traziam para mim”, explica o pai.
Quando nossa edição impressa de número 142 chegou até ele, com a campanha para a escolha do nome da personagem, Luciano Amado não teve dúvida. “Lembro que eu estava trabalhando e li sobre essa campanha. Escrevi um texto para a revista com a sugestão do nome da Valentina. E a gente conseguiu. Foi muito bacana”, declara.
Além do nome, a personagem guarda outras semelhanças com Valentina. O ilustrador da Carguinha, Ary Concatto, fez questão de usar na Valentina da ficção as presilhas que a Valentina real usa até hoje no cabelo.

Valentina com os pais Luciano Amado e Mari Viana
Festa no caminhão
Valentina lembra que viajou bastante na boleia com o avô durante a infância. E que, mesmo quando o veículo estava estacionado em Curitiba, ela passava parte do seu tempo dentro dele. “Fazia uma festa lá dentro. Eu virava aquele caminhão de ponta-cabeça”, recorda.
Ela explica que o avô teve dois Mercedes-Benz e que o último veículo que ele pilotou na estrada foi um Volkswagen Constellation. Hoje, devido à idade, ele só dirige van, carregando cobaias de laboratório, um dos tipos de cargas a que se dedica a transportadora da família.
Valentina já pensou em ser caminhoneira. “É uma profissão muito bonita e fundamental para a sociedade. Quase tudo que chega para a gente chega de caminhão.” Mas o fato de conhecer bem os dramas da estrada e uma angústia
que
sentia quando criança a fizeram mudar de ideia. “Eu tinha muito medo de que meu avô saísse para viajar e não voltasse mais. Eu lembro que via muita notícia de acidente na televisão. Eu tinha esse medo e guardava para mim.”
Mesmo tendo escolhido outra profissão, Valentina quer tirar sua habilitação para dirigir caminhões. “Tenho essa vontade dentro de mim. Eu só não tirei ainda porque não tenho tempo de habilitação (com CNH B). Mas eu tenho muita vontade.”
Valentina e a Carguinha fazem parte da história de 40 anos da Revista Carga Pesada. Temos muito orgulho disso.

A paixão pelos bichos levou Valentina ao curso de veterinária