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Agronegócio pressiona e governo decide rever valores do frete mínimo

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Segundo ministro da Agricultura, tabela da ANTT inviabiliza o setor produtivo

Nelson Bortolin

Quando a esmola é demais, o santo desconfia. Sob pressão do agronegócio, o governo vai recalcular os valores das tabelas de frete divulgadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) na quarta-feira (30). “Em breve, a ANTT publicará ajustes na tabela, com dados mais detalhados, que irão esclarecer as possíveis dúvidas”, confirmou a agência à Carga Pesada.

A tabela mínima era uma das principais reivindicações dos caminhoneiros durante a greve das últimas semanas. A assessoria não deu mais detalhes sobre o que será mudado. Ao jornal Estadão, dois ministros (Blairo Maggi, da Agricultura, e Valter Casimiro, dos Transportes) confirmaram que será publicada uma nova tabela com valores menores. Após reunião com os produtores rurais na noite da terça-feira (5), Blairo chegou a dizer que a tabela tem valores extremamente elevados e “praticamente inviabiliza o setor produtivo”.

A Carga Pesada questionou os dois ministérios sobre o assunto, mas até agora não obteve resposta. A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), uma das que promoveram a greve no final de maio, não quis comentar o assunto. Por meio da assessoria, disse apenas que está discutindo o problema com a ANTT. A reportagem não conseguiu falar com a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA).

Também por meio da assessoria, a NTC&Logística – associação que representa as grandes empresas de transportes – disse que não irá se pronunciar por enquanto. E lembrou que a entidade publicou nota a respeito dia 1º (clique aqui para ler http://www.portalntc.org.br/comunicados/tabela-de-frete-minimo/59655). Na reportagem do Estadão, o ex-presidente da associação Geraldo Vianna disse não acreditar na tabela mínima de frete. “É uma tentativa de revogar a lei da oferta e da procura.”

Como se pode ver abaixo, foram divulgadas pela ANTT cinco tabelas para cinco tipos diferentes de carga: geral, granel, neogranel, frigorificada e perigosa.

Multiplicando a quilometragem da viagem (colunas um e dois) pelo número de eixos do veículo e pelo custo por km/eixo (quarta coluna), chega-se ao valor mínimo do frete.

Para cada uma das tabelas, é sugerido um tipo de veículo. Por exemplo, a carga a granel, a ANTT usa o exemplo do bitrem de 7 eixos. Caso esse seja seu conjunto, não é preciso nem fazer as contas. É só procurar a quilometragem nas primeiras colunas e ver o custo total da viagem na última.

Apesar da gritaria do agronegócio, os valores previstos na tabela não parecem deslocados da realidade. E são menores que os da tabela da ANTT. É assim pelo menos com as tarifas pesquisadas pelo Instituto Matogrossense de Economia Aplicada (Imea). O site da instituição diz que um frete de grãos entre Rondonópolis e Alto Taquari custava R$ 50 a tonelada dia 31 de maio. Se o percurso é feito num bitrem, que tem carga líquida de 37 toneladas, o frete custa portanto R$ 1.850.  Já pela tabela da ANTT, seriam R$ 1.366.

No trecho Rondonópolis a Paranaguá, segundo o Imea, são R$ 200 a tonelada, ou R$ 7.400 num bitrem lotado. Pela tabela da ANTT, custaria menos: R$ 7.321. Em outra simulação, de Sorriso a Santos (R$ 280), o frete sairia R$ 10.360 na tabela do Imea e R$ 9.032 pela tabela da ANTT.

 

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