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AMANHÃ: O primeiro autônomo brasileiro

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DILENE ANTONUCCI E NELSON BORTOLIN  

Produzido para o setor sucroalcooleiro, este Volvo VM “sabe” onde estão as linhas da plantação, não se desvia nunca da trajetória e não passa por cima dos brotos que vão se transformar na cana a ser colhida no ano que vem Precisão praticamente absoluta na colheita da cana, com um caminhão que “reconhece” as linhas da plantação e evita passar sobre as soqueiras das plantas recém-colhidas, é o que oferece o primeiro caminhão autônomo produzido no Brasil, um Volvo VM.

O motorista Leonardo Domiciano só pega no volante se houver uma pedra no caminho

Quem esteve no lançamento do veículo, em junho, em Maringá, pôde vê-lo em funcionamento numa lavoura da Usina Santa Terezinha. Com o mapa da área gravado em GPS, o Volvo VM Autônomo evita o pisoteamento dos brotos da cana, amenizando um problema que causa o desperdício estimado em 12% da produção nacional dessa cultura. O veículo tem precisão de 2,5 centímetros em seu trajeto e é capaz de reduzir 4% deste prejuízo.

Para se ter uma ideia, se todos os 400 caminhões que fazem o transbordo da cana na usina fossem o Volvo VM Autônomo, o faturamento anual da empresa cresceria R$ 50 milhões. Isto é possível porque as soqueiras resultantes da colheita vão se transformar em pés adultos de novo nas safras seguintes por cinco anos em média. Quanto menor for o pisoteamento de soqueiras por caminhões e outros equipamentos, menor o prejuízo. “No caminhão normal, o motorista faz o trabalho no olho e acaba passando por cima da cana, trazendo impacto negativo na produtividade”, relata o presidente da usina, Paulo Meneghetti .

A colheita de cana é feita dia e noite, e a baixa visibilidade impede o motorista de conduzir o caminhão de forma a evitar o pisoteamento. Leonardo Domiciano, operador de tratores da usina, mostrou à reportagem da Carga Pesada como o veículo funciona. Leonardo fica na boleia só observando o caminhão trabalhar sozinho. Se aparecer algum imprevisto, como uma pedra no caminho, ele pega no volante e desvia. Ao soltar a direção, o VM volta para a linha traçada no GPS.

MARGEM ESTREITA – O diretor de Caminhões da Volvo Brasil, Bernardo Fedalto, ressalta que o setor sucroalcooleiro opera com larga escala e margens de lucro estreitas. “Nossa solução oferece maior produtividade no campo e melhora a rentabilidade do negócio”, destaca. O caminhão autônomo foi desenvolvido pelos engenheiros da Volvo na fábrica de Curitiba, com a colaboração de engenheiros suecos da marca e com técnicos da Usina Santa Terezinha. “Nós trazemos para o Brasil o que há de mais avançado nesta área e também desenvolvemos tecnologia de ponta no País”, observa Fedalto.

O gerente de Projeto de Engenharia Avançada do grupo, Roberson Oliveira, diz que o caminhão resolve o problema de precisão que é “humanamente impossível de conseguir”. Depois que o mapa digital do canavial é inserido no computador de bordo, a solução da Volvo reconhece precisamente as linhas da plantação e o caminhão “evita” passar sobre as soqueiras. O papel do condutor é levar o veículo até o início da linha na lavoura, encontrando a rota a ser seguida. No final, o motorista retira o caminhão da plantação para fazer o transbordo para os caminhões que levarão a carga até a usina de açúcar.

TECNOLOGIAS – O VM Autônomo é um caminhão 6×4 com pneus de alta flutuação. O sistema é composto por duas antenas GPS de alta precisão (GNSS/RTK), parte do sistema VDS (Volvo Dynamic Steering, sistema de esterçamento), dois giroscópios de alta sensibilidade e um display colocado na cabine, que funciona como interface homem-máquina. “É uma solução muito inovadora, desenvolvida a parti r de tecnologias já disponíveis comercialmente”, diz Roberson Oliveira, gerente de Projeto de Engenharia Avançada da Volvo.

Além de parte do VDS da Volvo Trucks, o veículo dispõe do Co-Pilot da Volvo Constructi on Equipment e dispositivos da Volvo Penta, para o posicionamento do caminhão nos mapas, e da Volvo Bus, para a integração na arquitetura eletrônica do veículo. O VM Autônomo utiliza a tecnologia RTK (Real Time Kinematics) para geolocalização. Graças aos giroscópios, o sistema identifica a inclinação e o deslocamento do veículo, e ainda a angulação do terreno. O controle lateral do caminhão é preciso, justamente para que os pneus não passem por cima das soqueiras.

BENEFÍCIOS REAIS – Para o presidente do Grupo Volvo América Lati na, Wilson Lirmann, a automação vai levar a um cenário de mais produtividade, segurança, eficiência energética e menos impacto ambiental no setor de transporte. Segundo ele, estes são “benefícios reais” para os transportadores e também para a sociedade. Em junho, a Volvo mostrou em Londres, na Inglaterra, o teste que está fazendo com o primeiro caminhão autônomo de coleta de lixo para ambiente urbano.

Também recentemente, o Grupo Volvo apresentou um caminhão autônomo que trabalha na mineradora sueca Boliden, especializada na extração de minérios como zinco, alumínio e ouro. “Somos reconhecidos mundialmente por soluções de transporte inovadoras. Este é mais um lançamento que vem melhorar o transporte no agronegócio brasileiro, um dos mais competi ti vos do mundo”, declara. Segundo o presidente da Volvo, a empresa está em condições de produzir o autônomo canavieiro em escala comercial.

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