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Crise na exportação castigou o Sul

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Movimento no transporte rodoviário de cargas caiu 37% de um ano para cá

Nelson Bortolin

A crise financeira internacional, iniciada no segundo semestre do ano passado, teve um impacto muito forte para os transportadores do Sul que trabalham com importação e exportação rodoviária. Dados da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI) mostram que a exportação caiu quase 37%, comparando fevereiro de 2008 (19.742 caminhões) com fevereiro de 2009 (12.447 caminhões). Esses são os números das 11 aduanas localizadas nos três Estados, nas fronteiras com Argentina, Paraguai e Uruguai. No sentindo contrário, a queda foi um pouco menor, de 26% (17.672 caminhões em 2008 e 12.977 em 2009).

A movimentação de mercadorias para os países do Mercosul caiu 25% no Centro Logístico Eichenberg & Transeich, tido como o maior complexo logístico do Sul do Brasil, com sede em Porto Alegre. Segundo seu gerente de Logística, Diego Martau, a diferença de cotação do dólar está complicando os negócios. A empresa já chegou a ter uma taxa de importação e exportação de 50% de Uruguai, Argentina e Chile. “Hoje estamos com 65% de exportação e 35% de importação”, explica. Ou seja: está difícil conseguir frete de retorno e os caminhões muitas vezes voltam vazios.

A movimentação de produtos nos países do Mercosul representa de 45% a 50% do faturamento da Eichenberg & Transeich, que usa 100 caminhões próprios e 150 agregados no transporte de produtos perigosos e metal-mecânicos. Martau só espera melhoras para 2010.

PARADOS – O presidente do Setcergs, José Carlos Silvano, foi conferir como anda a situação na fronteira e encontrou “muito caminhão parado” em Uruguaiana. “Se antes faziam três viagens por mês, agora estão fazendo uma.”

Becker: o pior da crise já foi, mas a burocracia na aduana continua

O vice-presidente da ABTI, José Carlos Becker, acredita, porém, “que o pior já passou”. Mas lembra que, mesmo em períodos de vacas gordas, a atividade do transporte rodoviário para o Mercosul enfrenta muitas dificuldades, principalmente a burocracia e a falta de estrutura nas aduanas. “Um caminhão que, rodando só no Brasil, faz 25 mil km por mês, no Mercosul só faz nove ou 10 mil km, porque o resto do tempo fica parado na aduana”, afirma.

Para Becker, o Mercosul ainda não está consolidado. “Mesmo depois de todos esses anos, entendemos que falta muito para a integração pretendida.” Na opinião dele, em Uruguaiana deveriam trabalhar ao menos 45 auditores fiscais, mas só existem 20.

Ele explica que, além da verificação da mercadoria, existe toda uma burocracia a ser cumprida, com o exame de muitos documentos. “E chega sábado, às 16 horas, a aduana fecha e só volta a abrir na segunda. No feriado também fecha.” Tudo fica pior quando o produto exige fiscalização da Anvisa e do Ibama.

Martau reclama do mesmo problema. “Se fizermos duas operações por mês para Buenos Aires, duas idas e duas voltas, perderemos quatro dias nas aduanas”, conta.

Becker acrescenta que, infelizmente, as aduanas dos países vizinhos não são diferentes das nossas…

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