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Da tragédia à solidariedade

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Casal perde filho em acidente e usa dinheiro do DPVAT em projeto voltado à população carente do Norte de Minas Gerais

Nelson Bortolin

Lúcia, Daniela e Idair: família solidária

Tudo começou com uma tragédia familiar. Em 2001, o casal Lúcia e Idair Antônio Vieira, de Ribeirão das Neves (MG), perdeu o filho Heitor, de cinco anos, que brincava com amigos e a irmã Daniela em frente da casa da avó. Ele foi atropelado por um carro desgovernado, conduzido por um menor alcoolizado. A menina saiu ilesa, mas Heitor morreu depois de 26 dias de internamento.
Em vez de se deixarem vencer pela amargura, os pais transformaram a morte da criança em uma ação de solidariedade que já dura 18 anos. Ao assistir uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, que mostrava o falecimento por desnutrição de uma mulher da cidade de Pai Pedro, no Norte de Minas, o casal se comoveu e passou a ajudar a população pobre daquela região.

Voluntários em São João das Missões em Julho de 2019 após entrega das cestas básicas

jiIdair e Lúcia pegaram o valor da indenização do seguro DPVAT, que receberam devido ao acidente, e compraram alimentos. Eram R$ 7.500. Com ajuda da família e dos amigos, encheram um caminhão com cestas básicas e levaram à Pai Pedro.
Foi a primeira iniciativa. Aos poucos, e com apoio de empresas como a Rodap, na qual Idair trabalhava, e da Transnorte Cargas, onde trabalhava o irmão dele, puderam ajudar também outras cidades da região Norte de Minas. “As amizades que nascem no trabalho voluntário são como as raízes de árvores do cerrado”, diz Idair.
O casal se dedica à solidariedade tendo Heitor no pensamento como um menino anjo. A iniciativa de Ribeirão das Neves ganhou o nome de Amigos de Minas.
Atualmente, além das cestas básicas, os voluntários promovem campanhas para arrecadar material escolar e de higiene, material de construção, brinquedos, roupas, colchões e até ração para cães abandonados.

Lindomar Souza Braz, esposa de Donatinho, no Galpão de São João das Missões (MG)

A historiadora Ana Rezende participa como voluntária das ações da ONG Amigos de Minas e do projeto Frete do Bem

FRETE DO BEM – Transportar a carga era uma tarefa cara, que ganhou importante apoio em 2017, durante uma tradicional romaria entre as cidades de Campo Belo (MG) e Aparecida (SP). Naquele ano, a romeira de Itaguara Fabiana Kaick, mulher do caminhoneiro Mauro Cézar da Costas, o “Sapecadinho”, tomou conhecimento do trabalho da ONG Amigos de Minas e se engajou na luta, arrecadando cestas básicas junto aos amigos da cidade.
Naquele ano, Donato de Oliveira Rezende Neto, o “Donatinho”, romeiro e caminhoneiro, tornou-se voluntário no transporte de alimentos para o Norte de Minas. “Ele disse aos dirigentes da ONG que, a partir daquele momento, eles não pagariam mais o frete para as cidades atendidas: São João das Missões; Juvenília e Bonito de Minas”, conta a historiadora voluntária Ana Maria Nogueira Rezende. Nasceu então o projeto Frete do Bem.
Donato reuniu motoristas voluntários que a cada três meses partem com suas carretas lotadas de donativos. “Em dezembro, quando as remessas e necessidades são maiores, geralmente saem duas carretas”, afirma a historiadora.
Após aparecer no programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo, exibido em agosto de 2018, a ONG Amigos de Minas cresceu e, segundo Ana Maria, as ações e a vontade de ajudar cresceram mais ainda. “Agora estão sendo construídas novas moradias para famílias que vivem nos locais mais insalubres.”
Na última viagem, realizada em julho, foram usados uma carreta e um caminhão. “A carreta levou donativos e o caminhão, material de construção, que custou R$ 7 mil, arrecadados numa vaquinha”, explica. O casal Wiara e Gustavo Henrique de Andrade se encarregou de fazer o transporte. Eles também fizeram a distribuição das cestas básicas. “O valor do frete gira em torno de R$ 5 mil por viagem. A região não oferce frete de retorno. Alguns carreteiros doam o valor integral. Outros doam seu trabalho, porém os pedágios pagos na BR- 040 e o valor do combustível são cotizados entre quem deseja contribuir com a causa”, ressalta Ana Maria.
A voluntária Fabiana Kaick diz que a ajuda veio em boa hora, melhorando a logística do trabalho. “E eles fazem o transporte por amor a causa, como o Mário Lúcio, que aproveitou as férias de dezembro de 2018 para ir com a esposa Virgínia e os dois filhos- Maria Sílvia e Marcos Paulo, levar o material arrecadado”, conta.

Veja abaixo os caminhoneiros que já participaram do Frete do Bem:

Donato de Oliveira Rezende Neto, o Donatinho e a mulher Lindomar, em dezembro de 2017

Mauro, o Sapecadinho, e Idair

Mauro Cézar da Costas, o Sapecadinho, Fabiana Kaick, Jenifer e Geovana, em março de 2018

Élcio Junio de Oliveira, o Tarzan, e Rose, em julho de 2018

Orlando de Oliveira Costa, o Trava, e Idair

Orlando de Oliveira Costa, o Trava , e o pai, Mateus, em setembro de 2018

Mario Lúcio de Oliveira, Virgínia e os filhos Maria Silvia e Marcos Paulo – em dezembro de 2018

Messias, em março de 2019

Gustavo Henrique de Andrade e Wiara, em julho de 2019

Participe você também do Amigos de Minas e do Frete do Bem. Ligue para: 37 99813-5078 ( Donatinho- Whatsapp)

 

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