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Estadas brasileiras: um buraco atrás do outro

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Número de pontos críticos nas rodovias aumenta em 50% e malha chega a um ponto insustentável

Nelson Bortolin

Um buraco atrás do outro. Assim está o trecho da BR-262 entre Belo Horizonte e São Gonçalo do Rio Abaixo, em Minas Gerais. Quem faz a denúncia é nosso atento leitor e parceiro, o caminhoneiro autônomo de Contagem (MG) Wellington Marcio da Torre. Ele fez questão de gravar um vídeo mostrando a aventura que é passar pela estrada.

E Torre tem razão. Somente em 2022, segundo o estudo Transporte Rodoviário – Os Pontos Críticos nas Rodovias Brasileiras, da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), eram 16 pontos críticos na 262 somente em Minas Gerais, sendo 11 erosões, 3 buracos grandes e 2 quedas de barreira.
Além desses, o estudo classifica como pontos críticos as pontes caídas e as pontes estreitas, problemas que não foram encontrados naquele trecho da rodovia.

A 262 é uma via transversal que vai de Cariacica, no Espirito Santo, até a fronteira com a Bolívia, passando também pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, e Mato Grosso do Sul. Em parte de sua extensão, ela compartilha o mesmo traçado que a BR-381.

Torre vem evitando passar pelo local, mas esses dias não teve jeito: precisou transportar um equipamento até a cidade de Divino, no leste de Minas. “Tem buracos de toda forma e tamanho, além de defeitos diversos na pista”, conta. “Descendo a Serra do Macuco, no município de São Domingos do Prata, eu precisei parar por duas vezes na pista para aguardar a passagem de veículos que cruzaram pra desviar pela contramão.” Existe buraco que, segundo ele, toma toda a largura da pista sentido Espírito Santo.
“Estando carregado, a gente não pode ultrapassar 50 km por hora para minimizar risco de acidentes”, avisa.

No retorno para a capital mineira, Torre contou 18 veículos (incluindo caminhões) que sofreram estragos por passarem nos buracos. “Uma família estava desolada à margem da rodovia aguardando ajuda, pois o carro deles teve as rodas dianteiras quebradas e a suspensão ficou com um dano enorme”, explica.

Há pontos em que, de acordo com Torre, a pista desmoronou há mais de três anos e até hoje não passou por reparos, a não ser a colocação de uma “leira” de massa asfáltica para desviar a água das chuvas.
“É um desprezo muito grande com a vida do cidadão que contribui com os impostos pra manter essa estrutura, mas não se vê retorno. Acredito que esse é um processo pensado a fim de justificar a entrega de tudo para o capital privado”, afirma.

Três tentativas de privatizar a 262

A iniciativa privada deseja mais que o governo federal oferece para privatizar a 262. Já foram feitas ao menos três tentativas de concessão, uma delas incluindo a BR-381. Mas ninguém se interessou.
Devido à geografia do Espírito Santo e de Minas Gerais, as obras na rodovia, incluindo a duplicação, exigem investimentos bem altos.

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