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Sem tabelas de frete não dá para trabalhar

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Caminhoneiros dizem que se o frete mínimo for revogado eles voltam à greve imediatamente

Nelson Bortolin

Sem as tabelas de frete elaboradas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a atividade de transporte de carga fica inviável. A opinião é do professor da Universidade Mackenzie e consultor em transportes Murillo Torelli Pinto. Segundo ele, se for para trabalhar com valores abaixo dos das tabelas, é melhor deixar o caminhão parado no pátio.

“As tabelas precisam ser mantidas neste momento de economia fraca que estamos. Se a economia voltar a crescer e o mercado de carga voltar a ter demanda maior, aí os preços se ajustam e as tabelas podem ser dispensadas”, afirma.

O professor fez um levantamento de fretes agrícolas e constatou que eles estão praticamente congelados desde 2008. “Peguei algumas rotas como entre Uberaba e Santos. O frete por tonelada hoje gira entre R$ 80 e R$ 100. Há dez anos era o mesmo valor.”

Torelli ressalta que as tradings vêm ameaçando adquirir frota própria para elas mesmas fazerem o transporte, já que consideram caros os valores da tabela. Mas ele não acredita que isso vá ocorrer. O professor estima que cada uma das grandes tradings (ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus) teria de adquirir 1.500 veículos. “Teriam de contratar milhares de motoristas, acho que nem tem essa mão de obra disponível. E não conseguiriam reduzir significativamente o custo do transporte. Não enxergo vantagem para elas”, afirma.

GREVE – Os caminhoneiros são taxativos. Se caírem as tabelas de frete, eles voltam a fazer greve imediatamente. O gaúcho Cláudio Silva não tem dúvida. “Com certeza voltaremos à greve”, afirma.  Ele diz que sua vida melhorou bastante com a implantação das tabelas. “Depois que entrou o frete mínimo consigo fazer manutenção no caminhão, trabalho mais sossegado. Sem a tabela não tem margem para trabalhar”, alega.

Assis Silveira, autônomo de Santo Antônio da Patrulha (RS), mostrou à reportagem um vídeo no qual um colega já está convocando greve em Goiás. “A ANTT não está fiscalizando direito”, conta. Ele garante que não pega nenhum  trabalho com preços menores que os das tabelas. “Me ofereceram um frete por R$ 4 mil (de Londrina ao Rio Grande do Sul). Na tabela deveria ser por R$ 5.934. Não peguei. Vou ficar esperando.” Silveira diz que antigamente pagava para trabalhar. “Hoje eu posso até comprar pneus”, declara.

Se o próximo governo não mantiver a tabela, o motorista diz que a greve será imediata. “E vai ser pior que a deste ano.”

Eduardo Aparecido Vanso, de Londrina, acredita que independentemente de quem ganhar as eleições deste domingo (28), as tabelas serão mantidas. “Já mostramos nossa força. Se  tentarem tirar a tabela, nós paramos de novo. Tem de parar.”

A Carga Pesada enviou questionamento sobre o que pensam os dois presidenciáveis a respeito das tabelas de frete às assessorias deles. Nenhum dos dois respondeu. Em reportagem publicada pela Agência Estado dia 23 de setembro com o título “Revogar tabela do frete é maior desafio”, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, demonstra ser contrário.  “Tabelar, aí não dá certo,” “Isso vai na contramão da pessoa que eu confio para tratar nossa economia (o economista Paulo Guedes)”.

Na mesma reportagem, o candidato do PT dá uma resposta evasiva. “É preciso haver um equilíbrio entre a competitividade da economia e a remuneração justa dos caminhoneiros, de maneira que a retomada do crescimento econômico permita a ampliação da renda dos trabalhadores”, disse ele, segundo a Agência Estado.

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1 comentário

  1. GREVE – Os caminhoneiros são taxativos. Se caírem as tabelas de frete, eles voltam a fazer greve imediatamente.
    É isso que quero ver se teremos coragem para tanto! Não vai ter conversa com “arruaceiro” palavras deles.
    Se fizermos a paralisação será cacetetada e bala de borracha para todo lado, assim age o poder!

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