SETEMBRO DE 2010
O baiano Fernando de Oliveira prega o respeito ao motorista, está para comprar seu primeiro caminhão e pretende abrir uma empresa.
O baiano Fernando Pitanga Rode de Oliveira foi o grande campeão da competição “Melhor Motorista de Caminhão do Brasil”, criada e organizada pela Scania e que teve a final disputada em São Paulo, em setembro.
Em segundo lugar ficou o sul-matogrossense Delmar Rodrigues Pereira e em terceiro o catarinense João Maria Vanderlei de Oliveira.
Ao receber o prêmio, Fernando Pitanga disse que as empresas precisam valorizar mais o trabalho dos motoristas. “Elas investem muito mais no caminhão que no caminhoneiro”, observou, completando: “Com certeza tem muito motorista melhor do que eu por aí que só não pôde participar porque as empresas não liberaram”.
Fernando defendeu que o tempo de trabalho do caminhoneiro ao volante seja controlado, como acontece com os ônibus. “Se o motorista estiver trabalhando há mais que 12 horas, devia ter o caminhão retido e ser obrigado a descansar pelo menos 11 horas antes de seguir viagem”.
Fernando é empregado de uma grande empresa de tZransporte de químicos e desfruta de condições de trabalho privilegiadas: “Rodo até as 18 horas, ganho diária para ficar em hotel e tudo o que faço, principalmente as paradas para descanso, é controlado por um chip em meu crachá”.
Ele sabe que essa não é a situação da maioria dos motoristas. “Em geral as empresas querem que o motorista mantenha baixa velocidade, consiga uma boa média de consumo de combustível e ainda cumpra horários apertados para entrega da carga. O único jeito de conseguir isso tudo é reduzindo o tempo de descanso”.
A terceira edição do concurso Melhor Motorista de Caminhão do Brasil teve 28.505 inscritos de todo o País. O campeão Fernando Pitanga ganhou um pacote de prêmios com aparelhos eletrônicos, móveis e eletrodomésticos, no valor de R$ 25 mil. Também ganhou R$ 5 mil em dinheiro e viajou com a esposa para a Suécia, onde acompanhou, no início de outubro, o encerramento do concurso de melhor motorista da Europa. Lá, a final reúne os vencedores de 18 países e o vencedor foi o sueco Andreas Söderström, de 26 anos, que ganhou um cavalo Scania.
A VIAGEM – De volta ao Brasil, Fernando disse que o melhor momento da viagem foi a visita à fábrica da Scania, quando teve oportunidade de dirigir o Scania com motor V8 de 730 cavalos, o caminhão mais potente do mundo.
“Também foi muito bom conhecer outra cultura. Eles estão à frente do Brasil em muitos aspectos. O poder aquisitivo é muito alto. Paguei 9 reais por uma água mineral. O salário mínimo é R$ 2.500 mas todos ganham mais que isso. As pessoas fazem tudo de bicicleta e, ao estacionarem, não têm medo de que ela seja roubada”, contou.
Outras coisas que chamaram a atenção de Fernando foram o controle do tempo do motorista na direção e os pontos exclusivos de parada de caminhões para descanso dos motoristas. “Lá, motorista de caminhão é uma profissão que exige formação. Eles entram numa escola aos 15 anos e estudam para ser caminhoneiros. O motorista ganha uma média de R$ 6.000, a cada duas horas tem parada de 15 minutos que é respeitada, além do descanso semanal”.
Embora tenha aproveitado a experiência da viagem, para ele o melhor foi poder voltar para o Brasil. Animado com as novas perspectivas abertas pelo resultado do concurso, Fernando já está negociando com o Banco Scania a compra de um caminhão que pretende agregar na empresa onde trabalha como motorista. “Vou realizar o sonho de ter minha empresa. Conheço bem o segredo para ganhar dinheiro com transporte: basta tratar bem o motorista e dar boas condições de trabalho”, afirmou.
