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Sassmaq divide opiniões

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Para consultor, sistema é uma das “coisas mais sérias” do Brasil; sindicato diz que é marketing

Nelson Bortolin

Nos últimos 30 anos, o Brasil evoluiu bastante na prevenção de acidentes com carga perigosa, segundo o consultor em programas de segurança no trânsito J. Pedro Correa. “Produtos químicos têm um alto valor. Então obviamente que, quanto mais vale a carga, maior o interesse que a coisa funcione direito”, afirma.

Diferentemente do presidente do Sindtanque de São Paulo, Bernabé Parra Rodrigues (o Gastão), para quem as certificações servem de marketing às empresas (clique aqui e leia mais), Correa não tem dúvidas de que a criação do Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade (Sassmaq) pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) é uma das coisas “mais sérias” que existem no Brasil. “De certa forma, fico surpreso com esse acidente da Cesari porque ela faz parte do Sassmaq”, afirma.

Ele se refere ao tombamento da carreta em Guaratuba, dia 16 de fevereiro, no qual morreu o motorista Joaquim Rocha.

Não que acidentes não possam ocorrer com empresas certificadas, mas o consultor acredita que o caso de Guaratuba está relacionado com um erro grave de manutenção. “Não acho que isso possa passar sem chamar atenção do Sassmaq e sem que o setor tome providência porque o setor perde com isso também”, declara.

INDÚSTRIA

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Mariano, no entanto, diz que o Sassmaq não tem papel de investigar ocorrências. “O Sassmaq é uma ferramenta de gestão que trabalha na prevenção. Ele atesta que o transportador atende determinados requisitos, mas não que esteja isento de ocorrência de acidentes. Também não cabe ao sistema nenhuma investigação sobre acidentes ocorridos por empresas certificadas”, afirma.

A avaliação do Sassmaq é feita por organismos de certificação acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) “com experiência reconhecida em certificações de sistemas de gestão da qualidade e gestão ambiental, segundo as normas ISO 9001/2015 e ISO 14001/2015”. “A aprovação dos resultados e a qualificação das empresas, bem como inspeção e auditoria de sistema, são de responsabilidade dos organismos certificadores”, conta Mariano.

A ferramenta é aplicável a todas organizações que armazenam, distribuem, transportam ou fazem manuseio de produtos químicos. “A empresa transportadora que quer a certificação acessa o site Sassmaq, realiza o cadastro para iniciar o processo e contrata o organismo independente que, por sua vez, fará a auditoria para a certificação”, explica.

De acordo com o presidente executivo da Abiquim, a certificação do Sassmaq demonstra que a empresa tem um “sistema de gestão robusto no sentido de evitar acidentes” e capacidade para minimizar suas consequências, caso eles ocorram.

De acordo com a Abiquim, nos requisitos técnicos do Sassmaq, não há previsão de perda da certificação. A empresa transportadora certificada pode deixar de requerer a certificação, pois não é uma exigência legal, mas sim uma boa prática da indústria química.

A certificação, conforme explica a entidade, precisa ser renovada a cada dois anos. “Estamos trabalhando na revisão do sistema, que será lançado até o final do ano”, afirma. Devem ser alterados prazos de validade da certificação e das recertificações.

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