Levantamento da NTC&Logística mostra redução na demanda, antecipação e cancelamento de embarques, além de instabilidade nos preços dos fretes
Nelson Bortolin
Desde 6 de agosto, quando os Estados Unidos passaram a aplicar tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, 82% das empresas de transporte que atuam no setor de exportação registraram queda na demanda. Além disso, 65% informaram que clientes anteciparam ou cancelaram embarques diante da insegurança em relação às novas regras.
Sobre os preços dos fretes, 41% das transportadoras disseram não ter observado mudanças, 29% relataram aumento e outros 29% apontaram redução. Os dados fazem parte de pesquisa realizada pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), por meio do Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Econômicas (Decope).
Em live da entidade transmitida nesta quarta-feira, o assessor técnico Lauro Valdivia, responsável pelo estudo, disse que os impactos variam conforme o perfil de cada empresa. “A depender de quanto transporta ou do volume que vai ser exportado para os Estados Unidos, essas empresas vão ser muito afetadas. Mas é algo pontual, que depende de empresa para empresa, de região para região”, avalia.
Segundo ele, não há expectativa de que a medida seja revertida no curto prazo. “A negociação está difícil. As empresas vão ter que ter muita paciência, estruturar-se e correr para mudar de segmento ou pelo menos diversificar um pouco. Não dá para ficar esperando que a situação se resolva porque o governo dos Estados Unidos não vai mudar sua política a curto prazo”, afirma.
Valdivia reforça que o setor precisa agir rapidamente. “As empresas têm que correr atrás, tentar se diversificar o mais rápido possível e depender o mínimo desse segmento”, diz.
